O deputado Baleia Rossi (MDB-SP) foi confirmado nesta quarta-feira (23) como candidato do bloco liderado por Rodrigo Maia (DEM-RJ) para disputar a sucessão no comando da Câmara. “Certeza de que Ulysses Guimarães [presidente da Assembleia Constituinte] estaria feliz com este ato que o MDB faz [ao se somar ao bloco de Maia para disputar a Câmara]”, disse Rossi, escolhido pelo grupo do atual presidente da Casa. “Temos ódio e nojo da ditadura”, afirmou, ao citar Ulysses. “A Câmara independente é o melhor para o futuro do nosso país”, disse Rossi. Rossi, então, passa a ser o candidato de um bloco de onze partidos (PT, PSL, MDB, PSDB, PSB, DEM, PDT, PC do B, Cidadania, PV e Rede), que representam 281 deputados. Há, no entanto, dissidências nesse grupo. A ala do PSL mais ligada ao governo, por exemplo, deve votar em Arthur Lira (PP-AL), candidato aliado ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido). A base política de Lira tem dez siglas (PL, PP, Republicanos, PSD, Solidariedade, PTB, Pros, PSC, Avante e Patriota), que representam 204 deputados. A campanha dele conta ainda com votos do PSL e dissidentes da esquerda. A eleição para sucessão na Câmara está marcada para 1º de fevereiro. A votação é secreta. Por isso, a adesão de partidos a blocos não significa a garantia de votos. São necessários 257 do total de 513 para eleger quem comandará os deputados pelos próximos dois anos. Rossi é o autor da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) da reforma tributária, que teve como referência estudos do Centro de Cidadania Fiscal (CCiF). O projeto é mais amplo que a reformulação do sistema tributário já apresentada pelo governo. Eleito deputado federal em 2014 e reeleito em 2018, Rossi comanda o MDB há cerca de um ano. Antes disso, ele foi líder do partido na Câmara. A escolha de Baleia Rossi para disputar a presidência da Câmara pelo entorno de Maia ocorreu após pressão interna do bloco, que registrava insatisfações com o atraso para o anúncio. Há mais de duas semanas, as conversas acabavam sem uma definição. Aliados de Maia não conseguiam um consenso sobre quem deveria ser o adversário de Lira, que lançou a candidatura no dia 9 de dezembro. Maia se dedicou nos últimos dias a articular com a oposição a Bolsonaro. Somente na última sexta (18), Maia conseguiu atrair a oposição para seu bloco e lançou um grupo mais robusto que o Lira. O movimento representou um revés para Lira, que tentava conquistar terreno na esquerda para se consolidar como maior bloco na disputa. O PSOL ainda negocia aderir ao grupo. Caso isso aconteça, o bloco de Maia passa a ter cerca de 290 parlamentares.