O desafiador ano de 2020 deve deixar algumas lições em vários segmentos da vida dos brasileiros. Na política, que talvez interfira com maior amplitude e diretamente, também não foi diferente. Isolamento social, medo de contato físico, quebrado durante a campanha com a aglomerações, bem como as dificuldades em definirmos uma política de prevenção e de vacinação são temas que se misturam e afetam a realidade local e nacional do cotidiano das pessoas. Esse contexto e perspectiva foi apresentado a lideranças de diferentes segmentos do Estado.
Sob a ótica de quem teve a missão de conduzir de forma acessória o pleito, a fim de garantir a ordem e o cumprimento da lei, a atipicidade de 2020 também impôs desafios. Não só pelas mudanças, mas também pela necessidade de mudar, já que a eleição também acabou representando essa oportunidade. Afinal essa é uma das possibilidades da democracia e o Ministério Público Federal (MPF) foi guardião desses princípios, como lembrou a procuradora-regional Eleitoral, Raquel Teixeira. “O ano de 2020 foi atípico. Escolas, comércio, órgãos públicos, tudo fechou. As pessoas passaram a usar máscaras, a manter-se isoladas, e todas essas medidas sanitárias, visando a preservação de vidas, por si só não foram capazes de evitar que todos nós perdêssemos alguém querido, mais ou menos próximo. Assim também foi o ano político de 2020. Marcado não só pelas eleições municipais, mas também pela pandemia. Atos de campanha não puderam ser regulados pela Justiça Eleitoral por força constitucional e coube aos órgãos sanitários fiscalizar as aglomerações naturais ao período eleitoral”, analisou Raquel. Ela considerou o destaque para o eleitor, que manteve o seu protagonismo, mesmo reconhecendo a alta abstenção. Ainda assim, quem fez a diferença foi a vontade popular, uma vez que até mesmo os crimes eleitorais diminuíram, ou seja, prevaleceu a escolha da maioria sem interferências que pudessem alterar o curso natural do processo e sua dinâmica. “Um ano diferente também para as eleições. A abstenção foi maior, os crimes eleitorais diminuíram, o Ministério Público Eleitoral continuou atuando firme no compromisso com a democracia, com eleições limpas, equilibradas e respeitando a vontade do eleitor. O eleitor continuou sendo o protagonista, desta vez levando sua própria caneta, usando máscara e a tecnologia para manter-se seguro no dia do pleito”, enalteceu a procuradora. Diante da capacidade de superação, bem como por acreditar no amadurecimento das etapas democráticas a cada pleito, ela destacou que o MPF espera que em 2021 tudo isso se reflita com foco na lei, em especial a da Ficha Limpa, para alcançar quem não soube gerir o dinheiro público.
“O MP Eleitoral espera que 2021 seja de amadurecimento político, onde o interesse público esteja realmente acima dos interesses particulares e pseudo-ideológicos. Que os candidatos ficha-sujas sejam responsabilizados por seus atos e afastados da vida política pelo período adequado. Que em 2021, as promessas dos candidatos eleitos sejam cumpridas, que o cidadão seja sempre fiscal da lei, beneficiário de direitos e cumpridor de obrigações. O mundo político precisa evoluir e amadurecer”, defendeu Raquel.
Otimista quanto ao que possa vir daqui para a frente, compreende que a evolução das gestões e dos gestores passa também por um crescimento qualitativo de quem escolhe. Afinal, esse é o maior de todos os poderes, já que é o que referenda ou afasta quem não merece ocupar espaços públicos representativos.
NOVAS FRENTES
Para o presidente da Assembleia Legislativa Estadual (ALE), deputado Marcelo Victor (SD), as dificuldades impostas abriu novas frentes de atuação. Seja pelo modo como na forma, porém, que acabou unindo os diferentes em busca de soluções coletivas. “Um ano muito difícil e desafiante para todos. Apesar dos obstáculos impostos pela pandemia, acredito que os poderes constituídos e as instituições da sociedade responderam aos desafios. Fizemos a boa política da construção de soluções para a sociedade. O Parlamento, por exemplo, produziu um verdadeiro plano para mitigar os efeitos da Covid-19, e assim colaborou com o governo. Pulsou mais forte o senso democrático dos alagoanos, segundo o qual estamos todos no mesmo barco”, ponderou o presidente. Em sua avaliação, mesmo com o misto de pandemia e processo eleitoral, o parlamento alagoano soube manter-se com a devida distância, em nome de sua missão institucional. Tanto que acabou se empenhando em pautas dentro do contexto das necessidades dos alagoanos. “No ano que passou, o parlamento alagoano apreciou centenas de matérias direcionadas à saúde, educação, assistência social e empregos. Destaque-se ainda a criação e aprovação do dispositivo legal que garante a concessão do serviço de água e saneamento básico, que vai beneficiar aqueles que mais necessitam. Pois bem, a Casa assim agiu com o processo eleitoral em curso, mas soube resguardar seu papel institucional”, enfatizou Victor.
Um outro aspecto considerado pelo deputado é que a experiência de convívio com as dificuldades que acabaram aproximando o parlamento ainda mais das necessidades sociais de Alagoas poderão continuar em 2021. Essa, inclusive, é sua principal perspectiva já que os efeitos pandêmicos devem avançar para o próximo ano no que se refere a economia e isso gera a necessidade de envolvimento da Casa com essas questões.
“Cumprida a missão eleitoral, seus integrantes se mobilizaram e aprovaram a Lei Orçamentária de Alagoas para 2021, sem a qual não acontecem as ações do Estado em prol da coletividade. Meu sentimento é de que, neste ano novo, prevaleça o espírito de cooperação e de entendimento, numa quadra decisiva para todos. Que as vacinas cheguem e transformem a esperança num momento histórico de superação”, acredita o parlamentar.