Palmas – Os documentos apreendidos na Lunus Serviços e Participações, empresa da ex-governadora Roseana Sarney, apontam indícios fortes que ligam seu marido e sócio, Jorge Murad, à Usimar Componentes Automotivos. O projeto recebeu R$ 44 milhões da extinta Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam), mas nunca saiu do papel. No material analisado até a madrugada de ontem, apareceram correspondências entre a Lunus e funcionários da autarquia, mesmo antes de o projeto ser aprovado pelo Conselho Deliberativo da Sudam, em 1999, em São Luís. “Há indícios relevantes que mostram o envolvimento de pessoas que administravam a Lunus, ou que tinham ligação com o escritório, com a Usimar”, confirmou o procurador da República no Tocantins, Mário Lúcio de Avelar, que analisou parte da documentação com cinco procuradores, auditores da Receita Federal e agentes da Polícia Federal. Segundo Avelar, parte dos papéis serão enviados para o Maranhão, para serem anexados a uma ação civil pública na Justiça Federal. A análise dos papéis só foi possível depois que o Superior Tribunal de Justiça (STJ) encaminhou as seis caixas apreendidas na Lunus para Palmas, na quarta-feira. Entretanto, às 22h10 do mesmo dia, o presidente do Tribunal Regional Federal (TRF) da 1ª Região, Tourinho Neto, determinou que os papéis fossem novamente lacrados e entregues à Justiça Federal do Tocantins, até que o caso fosse julgado pelo juiz relator do TRF. Mesmo assim, a maior parte dos documentos foi identificada. Nas seis caixas com 29 pacotes e centenas de disquetes, foram achados os principais indícios que podem ligar Murad, a Usimar e o Nova Holanda Agropecuária, outro projeto da Sudam. “É natural que um secretário de Estado lute para trazer para sua região uma empresa de porte, mas não é comum usar sua empresa privada com esta finalidade. Até colocando pessoas de confiança para auxiliar trabalhos de fiscais, entre outras coisas”, diz um investigador.