A repercussão negativa que tomou conta das redes sociais, contra a ação da PM para retirar banhistas da Praia do Francês, no último domingo (13), também foi criticada pelo deputado estadual Davi Maia (DEM). Ontem, ao comentar o assunto, ele classificou como “pirotecnia” a atitude dos militares por ordem da Secretaria Estadual de Segurança Pública (SSP). Militar por origem, o deputado estadual Cabo Bebeto (PTC) também reagiu ao fato e promete um pronunciamento, na sessão ordinária de hoje na Assembleia Legislativa Estadual (ALE).
“O que a gente viu na Praia do Francês, no final de semana, foi uma pirotecnia. O uso excessivo da força da polícia. Para fazer aquele patrulhamento bastavam dois soldados, dois guardas municipais, dois agentes conscientizando, fazendo educação ambiental e sanitária”, defendeu Davi Maia.
As viaturas partiram enfileiradas em direção pouco mais de uma dezena de pessoas que estavam espalhadas na areia em diversos pontos da praia. Não houve diálogo ou qualquer aproximação individual. Além dos carros e de um helicóptero sobrevoando baixo, homens armados seguiam no solo empunhando espingardas com munição não letal. Ninguém reagiu ou foi abordado. Na verdade, o recado claro deixou foi as pessoas com medo. Segundo Davi, a presença ostensiva em nada contribuiu para o processo de distanciamento, exceto pela imposição do medo e da demonstração de que o Estado se excedeu, por um lado, enquanto por outro deixou áreas desguarnecidas.
“Não precisava de helicóptero e viaturas, todos os aparatos da polícia prendendo cidadão de bem. Enquanto isso, a bandidagem está solta em outros bairros do estado. A gente sabe que a polícia estava cumprindo ordem do governador, e também se não cumprisse poderia ser repreendido ou até processado”, acrescentou Davi. A imagem da operação, que para alguns num primeiro momento pode causar revolta contra a PM, na verdade é reflexo de uma ordem que nasceu no Palácio República dos Palmares, depois que o governador Renan Filho (MDB) garantiu que iria fiscalizar de modo mais duro o cumprimento das medidas.
REPERCUSSÃO
A mega operação, ainda no domingo, viralizou nas redes sociais e nos aplicativos de mensagens. Rapidamente dezenas de vídeos dos mais variados ângulos mostraram a ação ao mesmo tempo em que provocaram indignação. Houve quem acreditasse que o fato das pessoas não conhecerem seus direitos individuais fomentou a situação. “Pena que o povo aceita tudo. Agora quando bate de frente com uma pessoa que realmente sabe de leis aí ficam tudo pianinho[sic], porque decreto não é lei e ele é inconstitucional. Todos temos perante a lei o direito de ir e vir, mas como sempre as pessoas aceitam e ficam de cabeça baixa”, denunciou um dos internautas. Outro achou que o fato da PM estar de forma tão organizada e em grande quantidade na orla, tratando banhistas como criminosos, os verdadeiros bandidos deveriam estar agindo em outras áreas do Estado. “Palhaçada! Enquanto isso os bairros da periferia ficam nas mãos dos bandidos, e hoje as ruas da feirinha do Jacintinho estavam cheias de pessoas sem máscara e fazendo aglomeração. Será que o Covid-19 é um vírus que só se pega nas orlas?”.
Houve quem também enfatizasse o aspecto político e o quanto o governo estaria sem saber como agir. “Sem comentários, a população sem trabalho, empresas quebrando, a educação como o diabo gosta e o governo focado em fazer “política”. O que esperar desse governo?!”, ponderou.