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Nº 5882
Política

Prefeita convoca esquerda para indicar o vice na chapa do PSB

ARNALDO FERREIRA Numa área do segundo andar de sua casa, com vista para a Praia de Guaxuma, no litoral norte de Maceió, a prefeita licenciada Kátia Born (PSB), nesta entrevista regada a suco de pitanga, revelou à GAZETA DE ALAGOAS como nasceram as pré-ca

Por | Edição do dia 28/03/2004 - Matéria atualizada em 28/03/2004 às 00h00

ARNALDO FERREIRA Numa área do segundo andar de sua casa, com vista para a Praia de Guaxuma, no litoral norte de Maceió, a prefeita licenciada Kátia Born (PSB), nesta entrevista regada a suco de pitanga, revelou à GAZETA DE ALAGOAS como nasceram as pré-candidaturas do PSB a sua sucessão. Kátia descartou apoiar a candidatura do senador Teotonio Vilela Filho ou qualquer outra que não seja do PSB. Defendeu a pré-candidatura do vice Alberto Sexta-Feira. Ao contrário do que pensa o governador Ronaldo Lessa (PSB), que trabalha a construção de uma frente de centro-esquerda com possibilidade de apoiar candidatura de outro partido, a prefeita não abre mão. “O PSB tem de demonstrar que o avanço da esquerda é junto conosco”. Ela convocou o PDT e os outros partidos de esquerda para disputar a vice na sua chapa sucessória. - Prefeita, por que o vice- prefeito Alberto Sexta-Feira para  a sua sucessão? - Olha, todo mundo sabe que Sexta-Feira veio para o PSB pelas mãos do governador Ronaldo Lessa, também pelas minhas mãos, com uma proposta de ele trabalhar e se consagrar como o candidato do partido. - Quer dizer que o projeto original era esse? - Claro. Depois foram surgindo outras pré-candidaturas, como a do deputado federal Maurício Quintella, a do deputado Givaldo Carimbão e a do vereador Marcos Vieira. E aí embaralhou um pouco o meio-de-campo. Nós deixamos os quatro pré-candidatos trabalharem o projeto sucessório. Só que, dentro da minha avaliação, se Maurício Quintella, Carimbão ou Marcos Vieira disparassem na pesquisa, um deles poderia ser o candidato do partido. Mas os quatro ficaram mais ou menos em pé de igualdade. E qual foi o pré-candidato que se preparou, estava no dia-a-dia levando pancada da oposição e que assumia o ônus e o bônus da nossa administração? O Sexta-Feira. - Como o governador via a candidatura do seu vice? - Olha, quando coloquei o Sexta na Secretaria Municipal de Urbanização (Somurb), o governador me questionou da seguinte forma: “Olha, Kátia, por que você não coloca Sexta-Feira na Secretaria de Infra-estrutura?” - Naquele momento, Lessa queria dar visibilidade à pré-candidatura do Sexta-Feira? - Sim. Isto desde junho do ano passado. - O que aconteceu para o governador mudar de idéia? - A política tem momentos e momentos. Acho que dentro de uma avaliação do próprio governador, de alguns apoios que Marcos Vieira teve naquele momento político, e não era nem o apoio da sociedade, Lessa considerou que Marcos Vieira seria o melhor. - E a senhora? - Discordei, porque sentia que independentemente de Marcos Vieira até ter mais apoio de setores do Estado, Sexta-Feira tem o apoio maciço do município e da população. - Até então, setores do PSB repassavam à imprensa que o nome com menor densidade política entre os quatro pré-candidatos era o do vereador Marcos Vieira. O que faz Lessa acreditar que Vieira é o ideal para assumir a candidatura sucessória na capital? - O governador fez uma pesquisa com segmentos do PSB, secretários de Estado e, ao final, avaliou que Marcos sairia mais fortalecido no processo. - Por que a senhora não aceitou a avaliação ? - Eu discordei, de forma muito fraterna, porque também tinha feito uma pesquisa com setores do município, da sociedade e do diretório municipal. As pessoas me diziam que o candidato preparado, o mais simples, o que conversa com todo mundo é o Sexta-Feira. - Nesses 35 dias em que a senhora está de licença médica o que seu vice está fazendo? - Ele está promovendo uma mobilização popular. Nós asseguramos, no começo do ano, recursos da ordem de R$ 6,5 milhões para investimentos na infra-estrutura; Sexta-Feira convocou os setores da sociedade para discutir as obras e fazê-las com o orçamento disponível. É aí que ele trabalha com a mobilização popular de forma muito interessante. - Está claro que há divisão de interesse político entre a senhora e o governador. O que leva o governador a apostar no vereador Marcos Vieira? - O governador lançou Marcos Vieira candidato a governador em 1994. Naquele momento, Marcos teve um papel importantíssimo dentro do PSB; agora o governador colocou Marcos na Secretaria das Regiões Metropolitanas, para dar maior visibilidade. Meu entendimento é que Ronaldo vai apoiar o candidato que reunir as melhores condições de vencer o pleito. - As duas maiores lideranças do PSB vivem um impasse. Como a questão será resolvida? - Vamos fazer duas pesquisas. Uma está em curso e a outra será feita daqui a um mês. - Há quem diga que a indecisão de vocês divide o partido. - Não, não; divide não. A disputa está bonita... (risos). - Na segunda-feira o governador revelou à GAZETA DE ALAGOAS que trabalha para construção de uma frente de centro-esquerda e quem estivesse em situação melhor poderia ser o candidato da frente. Deixou claro até que o candidato poderá ser de outro partido. Como a senhora vê a tese? - Eu posso estar até enganada, mas percebo que houve um avanço muito grande do SextaFeira. Se a gente colocar os pré-candidatos de outros partidos, o Sexta continua na frente. - E se amanhã outro pré- candidato de partidos aliados ficar na frente do Sexta-Feira, a senhora o apoiaria? - Não vejo outra candidatura sendo construída na base. - O PT considera que a estratégia do governador – de mudança de partido no comando da prefeitura – é uma idéia “lúcida”. - Eu gosto de uma galinha guisada, de feijão, arroz e acredito que a comida boa e bem preparada a gente come o resto da vida. Então, não adianta ofertar um prato à população que futuramente vai causar indigestão. O povo gosta de boa comida e boa digestão. - Os que lideram as pesquisas hoje podem causar indigestão à população? - Não quero me ater a nenhum outro candidato. E mais: o PSB não é Ronaldo Lessa ou Kátia Born; o meu partido é maior que nós dois. O PSB tem de mostrar que o avanço da esquerda é junto conosco. Está aí o Régis, perdeu o mandato de deputado federal; está aí o Bonfim, que poderia ter ficado na nossa chapa e ter sido eleito deputado estadual, e todo mundo sabe que sou fã do Bonfim. - A senadora Heloísa Helena diz que o PSB reproduz a idéia de capitanias hereditárias na prefeitura e no Estado... - A legislação me deu o direito de ter sido candidata à reeleição e eu nem queria ser candidata. Ronaldo também tinha direito de ser candidato à reeleição. Agora, vocês acham que Heloísa sozinha conseguira se eleger senadora, se a composição das esquerdas não tivesse votado nela? - Quer dizer que no primeiro turno a senhora não vê a possibilidade de construção de uma frente de centro-esquerda, como quer o governador? - Acho que o meu partido tem razão. Vamos reaglutinar a esquerda e aí peço ao Régis para acabar com essa mágoa comigo; Heloísa também, deixe de mágoa. O meu fígado é maravilhoso porque não alimento rancor nem mágoa. A única coisa que estava ruim em mim era a garganta, mas já resolvi o problema. - Como seria a composição que a senhora idealiza? - Com o PSB no comando do processo. - O governador não pensa assim. Tanto que ele deixou o PDT eufórico. - Eu soube que o presidente do PDT, Geraldo Sampaio, não quer conversar comigo e eu apoiei ele como vice e sua filha, Cacilda, foi minha secretária de Habitação e só não foi eleita vereadora porque buscou outro caminho. - A senhora apoiaria Téo para prefeito? - Hoje, eu apoio o candidato do meu partido, PSB. - Tem alguma condição de a senhora apoiar candidato de outro partido? - Não. Só apóio candidato do meu partido. - E o racha do PSB? - Não vai ter racha. O PSB está preparado para esta discussão. Na primeira eleição tive 122 mil votos; na segunda, 178 mil e agora fui para a rua para a reeleição de Ronaldo e consegui 188 mil votos. A sociedade não vota por acaso. - Como a senhora vai enfrentar o segundo líder das pesquisas, o deputado federal João Lyra, do PTB? - Não faço campanha enrolando o eleitor. A minha campanha é a da conquista: com obras de saneamento, com projetos na saúde, educação. - E com o PDT? - Se o Cícero Almeida quiser vir discutir a vice, vem junto com as esquerdas. Não tem problema.

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