Novas denúncias contra supostas ilegalidades e crimes que estariam sendo praticados na Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) foram apresentadas pelo deputado Davi Maia (DEM), na sessão plenária desta terça-feira (31), na Assembleia Legislativa de Alagoas (ALE). Desta vez, o parlamentar revelou que, além de pagar altos salários a ‘apadrinhados políticos’ do secretário Alexandre Ayres e permitir falsificação de plantões, a pasta tem folhas salariais paralelas e fantasmas, sendo uma delas ao custo de R$ 1 milhão, fora os cabides de emprego. Maia classificou o gabinete do gestor da Saúde como uma ‘verdadeira quadrilha’. E também apresentou nomes de mais servidores que figurariam em plantões simultâneos em unidades de saúde, sob a batuta do órgão, além de mencionar pessoas que exercem cargos públicos no interior, mas que contam na folha de pagamento com funções em que podem ter sido nomeadas de maneira irregular. Segundo ele, há duas Secretarias de Saúde em Alagoas: uma real, dos profissionais que são verdadeiros heróis na guerra contra o coronavírus, e outra que ‘virou o quintal da casa do Ayres’. “É a Sesau que falsifica plantões, paga supersalários, usa hospitais como cabides de emprego. É a Sesau das compras suspeitas, das folhas de pagamento fantasmas, dos apadrinhados que recebem dois salários por mês e, geralmente, não trabalham”, destaca. Davi Maia denunciou a existência de servidores lotados no gabinete do secretário recebendo dois a três salários para a mesma função, nomeação de políticos lotados em hospitais em situação de ilegalidade e acumulação vedada. “Estamos falando de improbidades administrativas e crimes contra a Administração Pública”. Durante a sessão, o deputado citou o nome do fisioterapeuta Gustavo Soares Vieira como sendo um superservidor. O profissional, conforme a acusação, lidera o ranking de plantões simultâneos: consta em 87 escalas, ao mesmo tempo, no Hospital Metropolitano de Maceió e no Hospital Regional do Norte. “Este servidor sempre constava como gerente clínico do Hospital do Norte e como coordenador de Reabilitação do Metropolitano. Estamos diante do selo de qualidade da gestão Ayres, que é a falsificação de plantões simultâneos”. O parlamentar acrescentou que Gustavo ainda seria o responsável técnico da Santa Casa de Misericórdia de Maceió e possui uma clínica de fisioterapia no Eustáquio Gomes, que “recebeu mais de R$ 300 mil da Prefeitura de Maceió”. A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) já foi informada pelo deputado acerca desta situação. Davi Maia revelou, da mesma forma, o nome do fisioterapeuta Rômulo de Luna Lessa como sendo mais um apadrinhado do secretário Alexandre Ayres que está sendo beneficiado com plantões simultâneos. O servidor foi citado por constar em 22 escalas, ao mesmo tempo, no Metropolitano e no Hospital Regional do Norte. “O senhor Rômulo está, neste momento [enquanto ele fazia a denúncia na ALE], nas escalas destes dois hospitais no turno da manhã e da tarde. Lanço uma pergunta: onde estará este superservidor agora?”, questionou.
CABIDES DE EMPREGO
Outra ilegalidade que estaria sendo cometida pela gestão Ayres, de acordo com o parlamentar, seria o cabide de empregos nos hospitais da Sesau. Ele revelou que a secretária de Saúde de Pariconha, psicóloga Gizely Tayllen Alves Sá, consta na folha de pagamento do Hospital Regional do Sertão, em Delmiro Gouveia, mesmo sem cumprir escalas de plantão na unidade. “Neste caso, ou temos uma superservidora ou temos uma servidora fantasma. Em qualquer uma destas hipóteses, temos ilegalidades. Esta secretária se encontra proibida de exercer qualquer outro cargo em comissão, contudo as proibições não servem na gestão Ayres”, ressaltou. Ainda mencionou o vereador Jamyl Cordeiro, de Delmiro Gouveia, que estaria recebendo salários da Sesau, por estar lotado no Hospital do Sertão. Nestes dois casos, Davi Maia apresentou em plenário cópias do que seriam as folhas de ponto da unidade hospitalar sem o nome destes servidores citados.
FANTASMAS
Para engrossar a lista de possíveis irregularidades, o parlamentar afirmou que a Secretaria de Saúde do Estado mantém folhas de pagamento fantasmas e paralelas, com o objetivo de remunerar os apadrinhados políticos do secretário. “Aqueles que fazem parte da ‘patota’ do Ayres recebem dois salários da Sesau, ganhando ao final do mês o salário regular de servidor e mais outros salários que são espalhados em folhas paralelas, o que é um escárnio com o dinheiro público”, denuncia. Segundo narra, há quatro folhas paralelas na pasta, que servem para o pagamento de servidores irregulares, que não são nem comissionados nem concursados. “Serve, na verdade, para agraciar os amigos do Ayres. Só em uma delas, descobrimos que o secretário distribui um orçamento de R$ 1.045.000,00 mensais, remunerando duplamente alguns servidores. Tudo isso está documentado no Portal da Transparência”. Ele completa que, em análise prévia, descobriu que a maioria dos servidores dos plantões simultâneos também consta nestas eventuais folhas paralelas. “Uma coisa é certa: temos uma quadrilha instalada no gabinete do senhor Ayres e isso vai acabar, pois não podemos aceitar esse escárnio com o dinheiro público. Mais uma vez, eu repito: Alexandre Ayres, entregue o cargo! Entregue o cargo! Existem muitas outras denúncias que a minha equipe está terminando de apurar, que virão à tona e que não são de irregularidades somente de pessoas físicas”.