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Nº 5897
Política

ESTADO IMPLANTA NOVO ENSINO MÉDIO SEM ADEQUAR ESCOLAS, DENUNCIA SINTEAL

Para direção da entidade, da forma como foi iniciado, modelo amplia desigualdade e restringe escolha de alunos

Por thiago gomes | Edição do dia 12/02/2022 - Matéria atualizada em 12/02/2022 às 04h00

A estratégia adotada pelo Governo do Estado para implantar o Novo Ensino Médio não está sendo bem avaliada pelos integrantes do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Alagoas (Sinteal). Eles dizem que, no dia a dia, têm recebido uma série de reclamações dos educadores, apontando falta de informações e de estrutura nas unidades de ensino para adequação ao formato.

A secretária-adjunta de Assuntos Educacionais do Sinteal, Edna Lopes, informa que os professores relatam um início de ano letivo cheio de incertezas. Ela diz que as escolas receberam uma matriz do novo método para implantação nos primeiros anos, aumentando a carga horária total.

“Em tese, a proposta é de redução da carga horária de algumas disciplinas, mas estão criando novas ofertas. O posicionamento do Sinteal é que os desafios são imensos porque não houve mudança estrutural nas escolas para acolher os formatos, que estão sendo classificados como ‘inovadores. Também não houve dialogo com quem vai operacionalizar as mudanças”, denuncia.

A avaliação que ela faz é que há, de fato, uma contrarreforma, já que está sendo proposto um fatiamento. Pelo formato, as disciplinas formais estarão distribuídas nas áreas que são chamadas de Itinerários Formativos: Linguagens e suas Tecnologias; Matemática e suas Tecnologias; Ciências da Natureza e suas Tecnologias; e Ciências Humanas e Sociais Aplicadas.

Segundo a diretora, em resumo, cada escola dará opções para que o estudante escolha esses itinerários e mais um, ao final, para formação profissional. E retruca o argumento da Secretaria de Estado da Educação (Seduc) de que se trata de uma proposta flexível, mais atraente, pois o estudante pode escolher, desde agora, a área de sua formação.

“Na prática, amplia a desigualdade, já que, dificilmente, uma escola conseguirá oferecer todas as opções de itinerários formativos profissionais, com oportunidade para todos. Os estudantes irão cursar o que for ofertado e não necessariamente o que escolherem”, opina.

O Sinteal aguarda a proposta ser tornada pública quando for submetida à aprovação no Conselho Estadual de Educação (CEE/AL). “Nossa preocupação é que seja um ensino médio apenas para atender ao mercado de trabalho e não à formação integral. Que chance terá um estudante - com uma formação limitada - de entrar em uma universidade? Já que a realidade do ensino médio em Alagoas é de graves problemas de evasão, pouca participação e abandono pelos estudantes, que só aumentam”, questiona.

Estado preferiu adotar método de forma gradativa

Em nota, a Seduc informou que o modelo está sendo instalado na rede pública estadual de forma gradativa e, em 2022, abrangerá, apenas, as turmas da 1ª série do ensino médio. A promessa é de que, até 2024, o formato alcance os três anos. Para os que ingressam na modalidade a partir deste mês, a inovação será a oferta do projeto de vida e das disciplinas eletivas.

“O projeto de vida e as eletivas fazem parte dos itinerários formativos, conteúdos que se somam à formação geral básica – as 12 disciplinas presentes na Base Nacional Comum Curricular. O projeto de vida será um componente curricular com carga horária de 2 horas semanais, enquanto as eletivas terão, cada uma, uma ou duas horas”, esclarece a Secretaria de Educação do Estado.

Ainda conforme a pasta, o projeto de vida será um processo de planejamento que ajudará o estudante a se conhecer melhor e identificar seu potencial, paixões e interesses, estabelecendo metas e estratégias para alcançá-lo. Ofertado como um componente curricular de 2h semanais, a ideia é estimular o jovem a trabalhar, dentre outros aspectos, o autoconhecimento, a integração comunitária e o futuro profissional.

As disciplinas eletivas são componentes curriculares que visam diversificar, aprofundar ou enriquecer os conteúdos já trabalhados na formação geral do aluno, ampliando e trazendo novas discussões sobre diversos temas.

De acordo com a Seduc, os alunos das turmas de 1ª série poderão escolher três opções de eletivas, cada uma com carga horária de uma ou duas horas. O Estado deu um mês de prazo para a organização da oferta de eletivas, já que será feita uma apresentação de um catálogo de disciplinas para os estudantes, os quais selecionarão as que forem de seu interesse. Concluído o processo de escuta e validação, as mesmas devem começar a ser ministradas na quarta semana de aulas.

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