Como consta na página virtual da Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e da Inovação (Sectes), “formular, coordenar e executar a política de desenvolvimento científico, transferência de tecnologia e educação superior em Alagoas são os principais objetivos da pasta” criada em 31 de julho de 2000, por meio da Lei 6.170, como forma de integrar e gerir o desenvolvimento tecnológico no estado e região. O governador Renan Filho (MDB), na campanha de 2014, prometeu aos cientistas cumprir estes objetivos e criar apoio a ciência e tecnologia, materializando os polos de desenvolvimentos tecnológicos do Estado iniciados na gestão do ex- governador Teotônio Vilela Filho (PSDB). Os compromissos, semelhantes às da educação, saúde, segurança pública, habitação e agricultura, ficaram nas promessas de campanha eleitoral. Sete anos depois e praticamente no final do segundo mandato do governo Renan, o sentimento de pesquisadores, reitores, professores, ex-secretários de ciência e tecnologia e líderes de movimentos sociais é de frustração. Dos três polos, dois enfrentam situação semelhante: a do abandono. Os investimentos feitos até agora passam de R$30 milhões. Foram necessários., mas estão sendo desperdiçados por falta de estratégias de governo. Não houve relevantes avanços no tocante a transferência tecnológica nas áreas do governo que precisam de desenvolvimento - principalmente na educação e agricultura - voltado para pequenos e micros produtores rurais. Mas 150 mil agricultores familiares, por exemplo, até hoje cobram apoio da ciência, assistência técnica moderna e projetos para aumentar a produção com custo menores. Até às iniciativas de inovação tecnológica em andamento carecem de uma política definida do Executivo estadual. Isto gera atividades lentas e mais burocracia da máquina pública. As construções dos parques tecnológicos no interior permanecem intermináveis, e projetos adiados pelos cientistas por falta de recursos e estrutura. Os orçamentos da pasta que cuida da política de ciência e tecnologia de Alagoas nos últimos três anos denunciam a queda dos investimentos no momento que mais se precisa da ciência, pesquisa, inovações tecnológicas e de protagonismo no setor. A secretaria, constituída e vinculada por órgãos colegiados de direção superior, apoio administrativo e de execução, como a Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas (Uncisal), Fundação de Amparo à Pesquisa de Alagoas (Fapeal) e a Universidade Estadual de Alagoas, contou com orçamento em 2020 de R$ 9.774,007,00. No ano seguinte, houve um corte brutal no orçamento de R $3.380,695,00, e para este ano a previsão de gasto é de R$3.514,978,00. Os números constam no Portal da Transparência. Mas ninguém garante que haverá este volume de dinheiro para a pasta desempenhar a política do setor até o final do ano. Nos últimos 15 anos, a pasta da ciência e tecnologia passou por transformações de gestões constantes. Na gestão anterior, o então governador Teotônio Vilela, através de decreto nº 3.542/janeiro de 2007, estabeleceu a denominação de Secretaria Executiva de Ciência e da Tecnologia para Secretaria de Estado da Ciência, da Tecnologia e da Inovação (Secti). A Fapeal, por sua vez, logo voltou a ser vinculada a Secti, assim como o Instituto de Metrologia e Qualidade de Alagoas (Inmeq), em junho do mesmo ano, e o Instituto de Tecnologia em Informática e Informação do Estado (Itec), em abril de 2011, por meio das Leis Delegadas. A transferência de ciência e tecnologia para o agricultor familiar ainda não aconteceu nos últimos sete anos, apesar das promessas de Renan Filho, lamentam ex- secretários da Secti, cientistas, a Federação dos Trabalhadores na Agricultura, a União das Cooperativas da Agricultura Familiar, sindicatos rurais e os movimentos agrários que reúnem mas de 15 mil famílias de trabalhadores rurais acampados. “Ciência e Tecnologia tem que ser tratados como prioridade de programa estratégico de governo”, defende, por exemplo, o ex-secretário Eduardo Setton. Outras lideranças também reclamam. “O pequeno e o micro agricultor estão abanados no campo. Eles precisam de ciência, tecnologia e inovação tecnológica além de políticas agrárias”, cobram um dos coordenadores nacionais da Frente Nacional de Luta pela Reforma Agrária, Marcos Antônio “Marrom” da Silva, o presidente da Fetag, Givaldo Teles, entre outras lideranças rurais.