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Nº 5897
Política Lenilda Luna: “As mulheres trabalham mais, recebem menos e têm menos direitos”

MULHERES APONTAM 8 DE MARÇO COMO UM DIA DE LUTA E MOBILIZAÇÃO

Para representantes de movimentos sociais em Alagoas, o Dia Internacional da Mulher não é uma data de celebração

Por Elen Oliveira | Edição do dia 08/03/2022 - Matéria atualizada em 08/03/2022 às 04h00

O dia 8 de março foi estabelecido como Dia Internacional da Mulher em 1910, durante a 2ª Conferência Internacional de Mulheres Socialistas na Dinamarca, aprovada por representantes de 17 países. Celebrada como uma data de homenagens e comemoração de espaços conquistados, a data marca, para representantes de movimentos feministas, a mobilização permanente das mulheres por igualdade e afirmação de direitos e garantias. Com o tempo, a data passou a ser marcada por homenagens e reconhecimento à conquista de espaços, mas para a coordenadora do Movimento Olga Benário em Alagoas, Lenilda Luna, a data representa, sobretudo, um chamado para a luta. “Por mais que queiram ‘gourmetizar’ essa data como um dia de floreios e homenagens, essa é uma data de mobilização e luta das mulheres trabalhadoras desde seu início até os dias de hoje. As mulheres trabalhadoras lutam contra a precarização do trabalho, os baixos salários, a fome, a falta de creches e de apoio para a mulher trabalhadora”, afirma, reforçando que o movimento luta pelo direito à moradia digna e ao acolhimento em situações de violência. Para este 8 de Março, Lenilda Luna pontua, como as principais pautas do movimento, o fim da opressão e da exploração e da violência contra as mulheres. “As mulheres trabalham mais, recebem menos e têm menos direitos. Lutamos pelo fim de qualquer tipo de opressão, pela emancipação das trabalhadoras, pelo fim do capitalismo e pela construção do socialismo”, diz. “O Brasil é o 5º país do mundo em feminicídio e o 1º em transfeminicídio; para além do assédio sofrido pela grande maioria das mulheres, os casos de estupro, bem como as notificações de violência doméstica aumentaram no último ano”, completa. Ela manda uma mensagem de desagravo às mulheres, em contraponto às mensagens degradantes enviadas pelo deputado paulista Arthur do Val a um grupo de amigos, com graves ofensas às mulheres ucranianas. “Evidentemente, também vamos nos juntar às mulheres brasileiras que pedem a cassação do mandato de Arthur do Val, que usou seu cargo de parlamentar para viajar com verbas públicas para assediar refugiadas. Isso é de uma indignidade sem tamanho e não pode ficar sem punição”, comenta. Convidada a traçar um perfil sobre o espaço ocupados pelas mulheres alagoanas, a socióloga Amanda Balbino afirma que o Estado é um dos que menos votam em mulheres e que, consequentemente, tem menos mulheres em espaços de decisão. “Isso é um cenário triste, pois se não temos mulheres ocupando espaços de disputa e decisão da vida pública de estado e de um município, poucos avanços teremos. Deve ser por isso, inclusive, que nossas demandas, no que tange, à saúde, à educação e, principalmente, à segurança, são tratadas de forma tão supérflua e eleitoreira, tendo em vista que muitos destes nem sequer constroem agendas políticas pensando nas mulheres e nas mulheres como indivíduos diversos”, diz. “Precisamos de mais mulheres em postos de decisão, discutindo, elaborando e implementando projetos e ações que impactem a realidade de outras mulheres de forma significativa, com um trabalho a longo prazo, pensando em estratégias que viabilizem mudanças culturais e educacionais da nossa sociedade e do nosso Estado”, reforça a socióloga.

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