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Nº 5865
Política

Candidaturas ganham roupagem nova em Alagoas / Parte I

JOSÉ ELIAS Certos mesmo, até começo da semana, com campanha na rua, somente Ronaldo Lessa e Heloísa Helena estavam de passaporte carimbado para a sucessão estadual. O novo quadro, com moldura definida pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na noite de qui

Por | Edição do dia 21/04/2002 - Matéria atualizada em 21/04/2002 às 00h00

JOSÉ ELIAS Certos mesmo, até começo da semana, com campanha na rua, somente Ronaldo Lessa e Heloísa Helena estavam de passaporte carimbado para a sucessão estadual. O novo quadro, com moldura definida pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na noite de quinta-feira, deixa muita gente na sala de embarque, aguardando o visto e, enquanto não assenta a poeira, trocando de roupa para enfrentar a nova realidade eleitoral. João Tenório, por exemplo, até então, só falava na intenção de disputar o mandato de governador mas, com o novo perfil, pode engrossar o tom do discurso. O ex-presidente Fernando Collor, apesar da vontade pessoal de ir para o Senado, está sendo sondado por alguns grupos para mudar de rumo e voltar ao Palácio dos Martírios. Na toca, oito anos mergulhado na Santa Amélia, o ex-governador Geraldo Bulhões tem mandado recados, através do seu porta-voz Aderval Viana. É candidato em outubro, não quer ser mais deputado federal e, na sua cabeça, só eleição majoritária. Em rota de colisão com o Palácio, o vice Geraldo Sampaio ensaiou caminhada para o Senado mas, com a formação da frente trabalhista, quer vestir a camisa de governador. A verticalização definida pelo TSE deixou no mesmo lugar a senadora Heloísa Helena que, no confronto direto, ganha com o esvaziamento do palanque do governador Lessa, seu principal adversário. O PT, solitário, vai continuar sem grandes atrações, enquanto o PSB, que imaginou uma aliança suprapartidária, ficou limitado a prata da casa. A decisão do Supremo Tribunal Federal consolida a pretensão do empresário João Tenório que, em todos os encontros com prefeitos - sua base de sustentação – sempre condicionou a candidatura ao governo às normas baixadas pelo TSE. E dá um nó cego nas cúpulas do PSDB e PMDB que, namorando Lessa, gostariam de oficializar o casamento, agora impossível do ponto de vista legal. Fernando Collor, pilotando o PRTB, fica em situação confortável porque, sem candidato a presidente da República, nem coligação nacional, vai transitar livre por onde quiser. E carrega o prestígio de sua densidade eleitoral, liderando as pesquisas populares para o governo e Senado, resultado do seu carisma pessoal. Se a briga no campo da esquerda era de titãs, agora vai ficar mais acirrada e, nas esquinas, as militâncias se preparam para tremular as bandeiras vermelhas. Na eleição de 2000, Heloísa, com raiva de Lessa, se aliou ao deputado Regis Cavalcante e, mesmo com a junção, perdeu para a prefeita Kátia Born. Lessa não perdoa a senadora do PT, desde que, como sua vice-prefeita, abriu dissidência no grupo e se candidatou a deputada. Aposta agora nas ações do seu governo para ir à forra e, nas ruas, tirar a prova dos nove porque, desde o rompimento, não tiveram oportunidade de bater chapa. Os dois, insultos recíprocos, críticas ferinas, vivem entre tapas e beijos. Por conveniência, se juntaram para prefeitura e, logo em seguida, na eleição de 98, ele foi para o governo e ela para o Senado. Ficaram no mesmo teto por pouco tempo mas, como diz o adágio, amizade política é como café – requentou, não presta. Como está montado o xadrez eleitoral, agora, o empresário João Tenório, que entrou no vácuo da desistência do senador Renan Calheiros, representa a opção de centro na sucessão estadual. Se o quadro não se modificar, ele vai enfrentar três grupos supostamente de esquerda. Lessa de um lado, Heloísa do outro e, empurrado pelo PPS, o vice Geraldo Sampaio, do PDT. O senador Teotônio Vilela que, talvez por precaução, silenciou a partir do momento que Tenório manifestou desejo de ser candidato a governador, parecia ter bola de cristal quando adiou, por várias vezes, fechamento de aliança com o Palácio. Ficou no compromisso administrativo, fugindo do acordo político como o diabo da cruz. Acertou no alvo, com a decisão do TSE mas, próximo a Lessa, junto com o PMDB, pode ficar com o governador, se Tenório não emplacar seu nome. Seria uma espécie de aliança branca, ou seja, apoio por baixo dos panos, o chamado voto do cochicho. Quer dizer, Vilela e Renan firmaram uma parceria eleitoral com o Palácio, que o Supremo agora melou, afastando os dois do governador. Rompido com o vice Geraldo Sampaio, desde o início do governo, Lessa chegou a imaginar uma chapa que, se reelegendo, garantisse tranqüilidade à sua candidatura de senador em 2006. O primeiro nome da lista, deputado Celso Luiz, líder político no Sertão e seu representante de confiança na Assembléia Legislativa, está na marca do pênalti. Sua convocação para a vaga depende da composição nacional do PL que, em Brasília, está entre ficar com Garotinho, do PSB, indicar o senador José Alencar vice de Lula ou, desiludido, não apoiar candidato a presidente da República. Com Garotinho ou ficando solteiro, Celso tem escalação garantida na chapa. Longe do PSDB que, no xamego, tinha Claudionor Araújo como opção de vice, o governador tirou do bolso um nome caseiro, lembrando Luiz Abílio, coringa do seu time. No fim de semana, apareceu Petrúcio Bandeira, pela condição de sertanejo, irmão da deputada Selma Bandeira e seu líder na Assembléia Legislativa. Em Jaraguá, surgiu como especulação mas, depois de três horas trancados, sem testemunhas, o encontro de João Tenório e o cardiologista José Wanderley Neto deu muito o que falar. Na mesa de reunião, a vaga de vice que, dentro do PMDB, o presidente José Costa também não é carta fora do baralho. Constituinte nota 10, o deputado Eduardo Bomfim caiu, maneiro, como uma luva na chapa da senadora Heloísa Helena. Seu nome sofreu restrições de algumas tendências do PT mas, no final, depois de uma profunda reflexão, a militância decidiu ser ele o nome ideal para vice. A outra opção, vereador Judson Cabral, será candidato a senador, ao lado de Thomaz Beltrão. O caldeirão, no entanto, está fervendo em Brasília e, no decorrer da semana, muitas novidades, de cima para baixo, podem entrar no ar. Lessa, por exemplo, mandou um torpedo para Garotinho, que renunciou o governo do Rio para ser candidato a presidente e, discurso leve, está subindo nas pesquisas.

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