Se foi difícil para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ajustar cargos para aliados da coligação da campanha do 2° turno, da votação da PEC da Transição, na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, no primeiro escalão, imagine no 2°. É aí que estão as presidências, diretorias de órgãos públicos federais em todo o País, assim com autarquias. Isso porque quem saiu na foto, fez postagem em rede social, fez o "L" e "deu a cara para bater", na eleição mais disputada e dividida do País, quer seu pedaço do "bolo". Só que há um detalhe: o Partido dos Trabalhadores, que "apanhou mais" e teve seu principal líder preso, quer mais. E sabe articular para isso. Em Alagoas, o deputado estadual reeleito Ronaldo Medeiros (PT) já revelou que não está satisfeito de como estão sendo conduzidas as discussões no Estado. Ou seja, acabou revelando outro detalhe: a disputa dentro da própria legenda. Sabidamente, por aqui, é o deputado federal Paulo Fernando dos Santos (PT), o Paulão, quem dá as cartas. Fala mais alto e não só por causa do tamanho, mas por comandar a legenda no município e no Estado. Em seu entorno estão as principais lideranças: a CUT, o movimento dos sem-terra, alguns prefeitos e outros tantos vereadores. Ou seja, entre os "companheiros" é quem dá a palavra final. Por isso não causará espanto quando os primeiros nomes começarem a surgir e, mais do que currículo, prevaleça o tempo de militância e ligação com a corrente liderada pelo deputado petista. Na semana passada, o presidente do Diretório Estadual, Ricardo Barbosa, foi enfático ao dizer que o PT é o partido do presidente e, naturalmente, a legenda buscará cargos de destaque para ajudá-lo em seu terceiro mandato. Em nenhum momento a palavra "coalização" que define o contexto da vitória de Lula ganhou relevância em sua fala. "As articulações para os cargos federais se iniciaram mais intensamente com a definição dos ministérios. Temos um quadro mais claro e, no âmbito dos estados, estamos abrindo esse debate, dentro do PT, da Federação. E na semana passada, havia sido contatado a pedido da companheira Gleise Hoffman em indicações sem entrar no aspecto da nominatas. Isso vai ter que atender ao critério se são pessoas da casa ou técnicos, em que a questão da especialidade vai ser privilegiada, além de predominar ou não a questão da indicação política", adiantou Barbosa. Ele disse que o "jogo" começou agora, mas que obviamente o PT tem interesse em ocupar cargos federais e de relevância. "Cargos importantes e não preciso nem nominar. Até para não desmerecer outros cargos. Mas nós temos sim interesse em ocupar. E as nomeações vão obedecer ao critério da razoabilidade. "Óbvio que as indicações serão primeiramente políticas, agora, se elas vão ser política atendendo ao critério técnico é uma coisa, ou se políticas e não ser necessário atender ao critério técnico por uma questão específica do cargo a ser ocupado. Mas o critério político é o que vai determinar. Queremos que o Partido dos Trabalhadores seja contemplado, assim como os demais partidos que estão na base do governo Lula e que nós estejamos contemplados em órgãos federais de relevância para o nosso Estado e mais para o governo Lula. Queremos contribuir com ele, pois somos do PT e o Lula é do PT. Queremos contribuir com ele aqui em Alagoas", afirmou. O partido, no Estado, também é aliado do governador Paulo Dantas. Dentro do governo tem espaço com duas secretarias. Da mesma forma o PV, que tem o líder do governo na Assembleia Legislativa, o deputado estadual Silvio Camelo. Na semana passada, a Gazeta tentou ouvi-lo sobre qual a estratégia da legenda para o debate funcional em Alagoas. Ele foi curto e objetivo. “Somente a Executiva Nacional é quem pode responder isso. Infelizmente não tenho essas informações", afirmou.