O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) cobrou ontem que os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), cheguem a um acordo sobre o rito de tramitação das medidas provisórias e outros impasses na relação entre as duas Casas. Lira e Pacheco debatem em público e no privado, há mais de um mês, qual será o rito para a análise das MPs no Congresso. Lira defende a tramitação expressa adotada na pandemia, enquanto Pacheco quer voltar às regras anteriores, que incluem uma comissão mista com número igual de deputados e senadores. “Nós temos, pelo menos é o que eu vejo pela imprensa, uma divergência entre o presidente do Senado e o presidente da Câmara. Quem é que pode mais, quem é que pode menos. Já tive oportunidade de conversar [com eles] e eu tenho certeza que os dois vão se colocar de acordo, para começar a votar coisa que precisa ser votada. Porque o país não pode ficar parado”, disse. Lula deu a declaração em um café com jornalistas no Palácio do Planalto, em Brasília. Questionado sobre a relação com o Congresso, o presidente disse que não sente “dificuldades” no Legislativo e que a base aliada do governo ainda não passou por nenhum grande teste. “Eu até hoje não senti nenhuma dificuldade com o Congresso Nacional. Eu não era presidente ainda e nós conseguimos aprovar a PEC [da Transição], que parecia ser impossível e foi aprovada. Nós ainda não tivemos um teste”, avaliou. “É muito difícil você pensar em um sistema de coalizão política com a quantidade de partidos que nós temos. É muito mais fácil você fazer coalizão num mundo que tenha três, quatro partidos políticos. Mas com 30 partidos políticos, é muito complicado você fazer coalizão porque é muita gente para você conversar”, seguiu analisando o presidente. Segundo Lula, esse “teste” da base aliada virá na votação de projetos como o arcabouço fiscal e a reforma tributária, que demandam grande apoio de parlamentares e podem sofrer grandes alterações durante a tramitação. ‘Vamos esperar, por exemplo, a politica tributária que é o teste para o Brasil, não é um teste pro governo, e vamos ver o que vai acontecer. Eu vou te dizer antecipadamente. Eu tenho certeza que vai ser aprovada uma política tributária que tente resolver em parte do problema da tributação desse país”, declarou.
CHINA
Às vésperas de realizar a primeira viagem oficial à China no atual mandato, o presidente Lula disse que vai discutir com o presidente chinês, Xi Jiping, o investimento em novos ativos chineses no Brasil. “Eu quero que os chineses compreendam que o investimento deles aqui será maravilhosamente bem-vindo. Mas não para comprar nossas empresas. [E sim] para construir coisas novas, que nós precisamos. O que estamos precisando não é vender os ativos que temos, é construir novos ativos. É disso que eu quero convencer os meus amigos da China”. De acordo com Lula, uma fabricante chinesa de carros elétricos vai assumir o comando da última fábrica da montadora Ford, na Bahia. Outro ponto que o presidente quer discutir com Xi Jiping é a possibilidade de o país asiático promover um diálogo com o presidente da Rússia, Vladmir Putin, pelo fim da Guerra na Ucrânia. “Nós não concordamos com a invasão da Rússia à Ucrânia. Estou convencido que tanto a Ucrânia quanto a Rússia estão esperando que alguém de fora fale: vamos sentar para conversar”, disse Lula.