Em meio à deterioração da economia argentina, o presidente do país, Alberto Fernández, chegou a Brasília ontem para tentar fechar o acordo que permita ao país ter crédito para comprar de empresas brasileiras, com a desvalorização do peso no centro da questão. O modelo, em que o Brasil financia as empresas e recebe garantias da Argentina com liquidez internacional para evitar prejuízos, já está desenhado. É o acertado em janeiro, antes da viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Buenos Aires. O que precisa ser detalhado, segundo uma fonte, e o que Fernández veio discutir, é a conversibilidade do peso com o real nessas operações, já que a Argentina hoje tem pouquíssimos acesso a dólares para pagar suas negociações. Em entrevista a jornalistas nesta terça-feira, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que equipes técnicas trabalharam no fim de semana para apresentar uma proposta a Lula de um mecanismo de crédito. O país é vizinho é o terceiro parceiro comercial do Brasil, atrás da China e dos EUA. De acordo com analistas privados consultados pela Reuters na Argentina, no início de março a Argentina tinha apenas 4,4 bilhões de dólares, o que praticamente impede o pagamento de importações na moeda americana. A intenção dos dois países é que os pagamentos sejam feitos em reais e pesos. No entanto, o derretimento da moeda argentina - e as várias cotações usadas pelo governo, que opera com uma cotação oficial geral e várias cotações para diferentes situações, todas inferiores ao dólar blue, usado pela população - dificulta a implementação da proposta.