A luta em defesa do ecossistema que cerca o Hotel Jatiúca e a Lagoa da Anta, em Maceió, ganhou reforço de peso com a mobilização de integrantes da Assembleia Legislativa de Alagoas (ALE) e da Câmara Municipal de Maceió, que demonstram preocupação com o projeto que pode transformar em uma selva de pedra a área que, atualmente, é um respiro ambiental em meio a espigões e unidades comerciais.
A Comissão de Meio Ambiente da Assembleia ainda não se posicionou oficialmente sobre a construção de torres residenciais na área do Hotel Jatiúca, mas a Gazeta conseguiu a opinião de um de seus membros mais experientes. Conforme lembrou o deputado estadual Inácio Loiola (MDB), integrante do colegiado, o tema requer amplo debate e a participação efetiva de todos os atores, inclusive do parlamento.
“E eu fui tomado de surpresa de que existe o desejo do Hotel Jatiúca em vender a estrutura. E não podemos deixar de reconhecer que ele contribuiu muito para com o turismo em Maceió e Alagoas. E, agora, vem essa informação de que na área serão construídos prédios comerciais e residenciais. Acho que o Ministério Público já está atento”, disse Loiola, defendendo que o presidente da comissão, deputado Delegado Leonam Pinheiro (União), convoque uma reunião para discutir o tema.
Loiola reafirmou o seu compromisso com a pauta e, consequentemente, colocou-se à disposição para conhecer detalhes sobre toda e qualquer questão que afeta o meio ambiente. “Uma das minhas bandeiras é exatamente a questão ambiental. A comissão deve acompanhar de perto essa transação que está sendo feita por parte do Hotel Jatiúca e a empresa que pretende construir espigões naquela região. Nós vamos ficar antenados a isso e, com certeza, não apenas a Comissão de Meio Ambiente, mas a ALE, de modo geral, capitaneada pelo deputado Marcelo Victor”, completou o parlamentar.
Ele avalia que a repercussão negativa e trágica provocada pelo desastre ambiental decorrente da ação por décadas da Braskem deixou todos em alerta, com a consciência de que não se pode mais menosprezar questões ligadas ao meio ambiente.
“Os problemas ambientais que o Brasil enfrenta, assim como o Estado de Alagoas e a capital, Maceió, fazem com que nós não fiquemos omissos. Diante de tantos desmandos ambientais que o planeta enfrenta, temos que ficar antenados para questões como essa e outras, como a degradação do Rio São Francisco, por exemplo”, concluiu Loiola.
MACEIÓ TAMBÉM EM ALERTA
Na Câmara de Maceió, os integrantes da Comissão de Defesa do Meio Ambiente informaram que estão acompanhando os desdobramentos da compra do hotel e prometeram agir em busca de informações mais precisas acerca do projeto imobiliário a ser implantado naquela área, que compreende as orlas de Jatiúca e Cruz das Almas.
O presidente da comissão, vereador Rodolfo Barros (PSB), garantiu que o grupo vai monitorar de perto a situação, que tem afligido os moradores do entorno e preocupado ambientalistas e órgãos de controle. Ele também disse que a comissão vai atuar junto à Prefeitura de Maceió, primeiro órgão a ser acionado quando um empreendimento está prestes a ser instalado.
Membro da mesma comissão, o vereador Brivaldo Marques (MDB) prometeu fazer visitas no terreno onde atualmente funciona o Hotel e Resort Jatiúca para analisar de perto o que será feito e acompanhar a execução do projeto, quando essa etapa estiver em desenvolvimento.
“A Comissão de Meio Ambiente do Poder Legislativo Municipal está atenta a cada parte do processo, acompanhando tudo, para que nenhuma irregularidade seja cometida. Confiamos no trabalho da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e no prefeito JHC, que tem mostrado total preocupação para que não ocorra nenhum impacto ambiental”, afirmou Brivaldo Marques.
À Gazeta, a Construtora Record revelou a intenção de construir ali unidades habitacionais, um boulevard e um parque, além de manter um hotel de luxo na área. No entanto, em meio à pressão de órgãos de controle, o diretor comercial da empresa, Wagner Andrade, informou que o projeto imobiliário ainda não está pronto, garantindo que a intenção, supostamente, seria preservar e melhorar a Lagoa da Anta.
O Ministério Público de Alagoas (MPAL) deu prazo de 15 dias à construtora, à Prefeitura de Maceió e ao grupo que administrava o hotel para que apresentem esclarecimentos sobre o negócio a ser feito na região.
O Instituto do Meio Ambiente (IMA) estipulou cinco dias para que o município e as empresas enviem detalhes do projeto para evitar impactos ambientais irreversíveis.