A formação de novos médicos em Alagoas deve aumentar com a criação de novas vagas para o curso de Medicina Social da Ufal, em Maceió e Arapiraca. Com base na edição da Portaria nº 1.771, de 1º de setembro deste ano, do Ministério da Educação (MEC), a Reitoria espera, de forma escalonada, ofertar 60 delas para a capital e outras 20 para o interior.
Sendo assim, até 2027 a oferta de vagas para Medicina saltará das atuais 160 vagas para 240. Atualmente, Maceió concentra o maior número de vagas. São 100 e o curso recebeu nota 4 no Enad, enquanto Arapiraca oferece 60 vagas e obteve nota 5 na mesma avaliação.
A iniciativa busca reduzir um deficit no número de médicos em relação ao crescente número populacional, o que ficou mais evidente na pesquisa Demografia Médica. Conforme o parâmetro para cada grupo de mil habitantes na capital, regiões metropolitanas e interior, no momento, os estados de Alagoas, Amazonas, Roraima, Sergipe, Pará e Maranhão têm densidade de médicos por 1.000 habitantes inferior a 0,5.
É para contrapor essa realidade que o aumento gradual de vagas é apontado como uma alternativa viável. Conforme explicou o diretor administrativo do Hospital Universitário, professor Anderson de Barros, ao mesmo tempo em que isso ocorre, o curso de Medicina Social é o mais concorrido no Sistema de Seleção Unificada (Sisu), que tem como base a nota do Exame Nacional de Cursos (Enem).
“Em 2022, o curso de Medicina em Maceió teve em média 27,87 candidatos para cada vaga, enquanto Arapiraca teve 23,65 candidatos por vaga. Esse fato em si já justificaria o aumento das vagas, mas estamos olhando para além. Nós queremos é a fixação do profissional médico no Estado”, explicou Anderson. “A recente ampliação dos hospitais públicos e serviços em Alagoas tem encontrado certa dificuldade na contratação de novos profissionais e fixação, principalmente, no interior do Estado”.
O problema, conforme atestou, não é exclusividade do Estado, sendo observado em todo o País. O estudo Demografia Médica 2018, realizado pela Universidade de São Paulo, apontou que no Brasil existem 2,18 médicos por mil habitantes. Na região Nordeste esse percentual caiu para 1,41 e em Alagoas 1,36. Nos Estados Unidos, essa relação é de 2,6 médicos/mil; no Canadá 2,7; Japão, 2,5; e na China, 2,0, que indica que o Brasil converge para a média mundial. Porém, o problema é a concentração dos profissionais formados nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e Sul.
“Os cursos de medicina da Ufal possuem conceitos máximos junto ao MEC. O que nós queremos é a melhor formação aliada ao melhor serviço para a população alagoana. Por isso, queremos ampliar para 60 novas vagas em Maceió e 20 em Arapiraca. Isso será escalonado, de modo que, em 2025, ofereceríamos dez vagas e iríamos ampliando em 2026 e concluiríamos as oitenta vagas em 2027”, detalhou Anderson.
Essa estratégia de acomodação gradual é necessária para que a instituição tenha tempo de ajustar sua estrutura ao momento de expansão. Em conformidade com a ampliação das vagas, a Ufal já encaminhou ao MEC em detalhado projeto de capital e custeio que inclui novos espaços de salas de aula e ampliação de laboratórios. Ou seja, a instituição quer garantir os investimentos para a adaptação dos espaços e sua manutenção.
“E também para a contratação de novos docentes e técnicos que venham a atender esse escalonamento de crescimentos dos cursos. Fizemos, inclusive, um pedido específico ao MEC, que é a construção de um Hospital Universitário em Arapiraca”, revelou o diretor do HU.
OBRAS PARADAS
Dados apurados em nível nacional indicam que 342 obras estão paralisadas em todo o País referentes a instituições de ensino superior.
A Universidade Federal de Alagoas integra a lista com duas obras paradas. Uma delas envolve a subestação de energia elétrica que garantiria economia e autonomia para as instituição na capital e parte da região metropolitana.
Segundo informou o superintende de Infraestrutura da Ufal, Felipe Paes, o projeto nasceu quando o sistema ainda gerido pela Eletrobras, mas sofreu sua primeira parada quando a privatização transforou em empresa na Equatorial.
“Mantivemos recentemente um contato com a gerência de relacionamento e o que foi informado é que um novo ponto de energia em uma nova subestação que ficará mais próxima da Ufal. Sendo a assim será feito um novo levantamento levando em conta a atual necessidade da universidade”, explicou.
Esse processo de reavaliação a partir das novas condições naturalmente também irá envolver uma nova realidade financeira de investimento, já que a mudança que houve ainda no projeto anterior também havia inviabilizado sua continuidade.
INTERIOR
A suspensão de investimentos também afetou a expansão da Ufal para o interior, em especial na cidade de Penedo. No município já existe uma unidade, mas até o ano passado havia recursos que deveriam ser aplicados, mas a gestão da universidade foi surpreendida com a liberação do repasse.
Dos R$ 9 milhões previstos para a construção de um campi, R$ 4 milhões que envolveriam a primeira etapa foram contingenciados pelo governo anterior. Parte do atraso na obra também envolveu o atraso na formalização do repasse do terreno por parte da prefeitura para a Ufal mas isso já foi sanado, o que indica que se houver compromisso com a expansão universitária o projeto será retomado.