app-icon

Baixe o nosso app Gazeta de Alagoas de graça!

Baixar
Nº 5882
Política

DEFESA CIVIL APONTA ‘RISCO IMINENTE DE COLAPSO’ EM MINA NO MUTANGE

Deslocamento do solo pode provocar tragédia ambiental sem precedentes, com aumento da salinização da lagoa

Por Da Redação | Edição do dia 01/12/2023 - Matéria atualizada em 01/12/2023 às 04h00

O bairro do Mutange está à beira de uma tragédia ambiental sem precedentes. Na tarde de ontem, a Defesa Civil de Maceió emitiu um alerta, por meio de mensagem de celular, para o risco iminente de colapso de uma das minas da Braskem no bairro, um dos que foram desocupados por causa do afundamento do solo causado pela mineração.

De acordo com o órgão municipal, os últimos sismos ocorridos na região se intensificaram e houve um agravamento do quadro. Estudos mostram que pode haver o deslocamento abrupto do solo na área onde está localizada a cavidade 18, que vem sendo monitorada pelos técnicos.

Por causa disso, a Defesa Civil reforçou a orientação para que se evite circular pelo bairro e solicitou o bloqueio do tráfego de veículos em alguns pontos. Deve ser evitada também a circulação de embarcações na área da lagoa próximo ao Mutange.

Segundo o coordenador-geral da Defesa Civil Municipal, Abelardo Nobre, caso a estrutura entre em colapso, a água da Lagoa Mundaú poderia sofrer um aumento “drástico” de salinização, pois 60% da mina se encontra sob o complexo lagunar

“Se o teto dela [mina] vier a desabar, essa cavidade chega até a superfície. Se ela chegar dentro da lagoa, as consequências são mais preocupantes. Pode-se ter um processo de sinalização, porque a água da lagoa vai ter contato com o fluido que há dentro da cavidade. Isso pode causar um aumento drástico da salinização dessa água”, explicou Nobre.

Ainda de acordo com o coordenador, o processo de salinização, se ocorrer, vai atingir toda a área de mangue. “Dependendo do volume que essa cavidade chegar na superfície, a gente vai mensurar o impacto ambiental que deve causar na lagoa”, afirmou.

Nobre descartou também a possibilidade de cidades margeadas pela Lagoa Mundaú serem atingidas, assim como lembrou que a Defesa Civil Municipal recomendou que a população e os pescadores evitem a região.

ABALOS

As minas citadas pelo órgão são cavernas abertas pela extração de sal-gema durante décadas de mineração, mas que estavam sendo fechadas desde que o Serviço Geológico do Brasil (SGB) confirmou que a atividade realizada pela Braskem havia provocado o afundamento do solo nos bairros do Pinheiro, Bebedouro, Bom Parto, Mutange e parte do Farol.

Nos últimos dias, o monitoramento na região foi reforçado porque houve pelo menos cinco abalos sísmicos somente neste mês de novembro.

Documentos enviados pela mineradora à Defesa Civil, obtidos com exclusividade pela Gazeta, informam que “foram obtidas fotos de drone da área onde ocorre a movimentação atípica do solo que mostram fissuras localizadas acima da cavidade 18.

No final da manhã, em nota enviada à imprensa, a empresa informou que havia paralisado todas as operações na área onde aconteceram os tremores registrados pelo sistema de monitoramento e relatados por moradores no início da semana.

A Braskem ressalta que segue monitorando a situação e que trabalha para mitigar os impactos do processo de rebaixamento do solo no entorno de suas operações em Maceió.

A companhia reforça que está comprometida em cumprir as medidas acordadas com o Governo de Alagoas e com a população afetada.

INSTABILIDADE

Desde que a mineração para extração de sal-gema foi apontada como a principal causa das rachaduras que surgiram no solo e em imóveis dos cinco bairros de Maceió, um intenso trabalho foi iniciado para fechamento e estabilização de 35 minas na região do Mutange e de Bebedouro. Os trabalhos foram paralisados depois do registro de novos tremores.

A cavidade com risco iminente de colapso é a de número 18, situada próximo à lagoa. Em 2019, no relatório sobre a instabilidade do solo em Maceió, o Serviço Geológico do Brasil apontou que essa mina já tinha sinais de desabamento e alertou para a possibilidade de evolução rápida do processo.

De acordo com o SGB, a exploração de sal-gema, feita de forma inadequada, desestabilizou as cavernas subterrâneas que já existiam na região, causando o afundamento do solo e, consequentemente, as rachaduras que afetaram as cinco áreas de Maceió.

Quando encerrou definitivamente a extração do mineral na capital alagoana, a empresa apresentou medidas como uma área de resguardo, com a realocação de pessoas e a desocupação de mais de 14 mil imóveis.

Mais matérias
desta edição