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| ODILON RIOS Repórter A manutenção ou não da verticalização para estas eleições vem tirando o sono de membros de todos os partidos no Brasil. Em Alagoas, os problemas causados pelo dispositivo constitucional que atrela coligações nos estados a partir d
Por | Edição do dia 19/03/2006 - Matéria atualizada em 19/03/2006 às 00h00
| ODILON RIOS Repórter A manutenção ou não da verticalização para estas eleições vem tirando o sono de membros de todos os partidos no Brasil. Em Alagoas, os problemas causados pelo dispositivo constitucional que atrela coligações nos estados a partir das decisões partidárias nacionais pode unir cobras e lagartos ou velhos rivais na esfera estadual, obrigados a seguir a cartilha dos acordos eleitorais. É o caso do PFL e PSDB. Nacionalmente, conversam entre si e poderão sair com os tucanos na cabeça de chapa e os pefelistas indicando um vice. Em Alagoas, o PSDB está do lado do governador Ronaldo Lessa (PDT) e o PFL, comandado pelo vice-presidente da Câmara dos Deputados, José Thomaz Nonô, ao lado do pré-candidato ao governo, o deputado federal João Lyra (PTB). Lyra, Lessa e Nonô não sentam na mesma mesa de negociações. Caciques Sobra para o candidato ao governo, o senador Teotônio Vilela Filho (PSDB), que poderá ou não conversar com Nonô sobre os acordos nacionais de seus partidos. Os tucanos alagoanos evitam traçar um quadro sobre o assunto, mas não negam que podem acontecer conversas entre os dois caciques. O PSDB é aberto, está disposto a conversar. Política se faz com conversa. E o PSDB está nesta linha, disse o secretário regional do PSDB, Claudionor Araújo. Ao que parece, o deputado Nonô não entendeu o recado desta forma e já disse na semana passada que onde Lessa estiver não há acordo: São como dois corpos que não podem ocupar o mesmo espaço, afirmou o deputado federal. Mais complicado ainda para o PSDB é o PT. Membro do frentão, conjunto de partidos que gravitam na força política do governador, o Partido dos Trabalhadores corre o risco de deixar o frentão e lançar candidato próprio ao governo. Téo tenta evitar a debandada, mas, no PSDB, ninguém está disposto a mudar o discurso em relação ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do qual a sigla faz oposição. Téo sempre fez oposição ao governo Lula. Não vai deixar de fazer durante a campanha, contou Araújo. Para o vereador petista Judson Cabral, o caso está resolvido: PT e PSDB não irão se coligar no Estado. Se o Téo for candidato, marchamos com outros partidos. Temos o Ricardo Valença e outros nomes no partido para o governo, adiantou. Valença foi diretor-presidente da Fundação Nacional de Saúde (Funasa). No PT, a palavra aliança branca, que permite apoio de partidos rivais na esfera nacional, sem aparecer no palanque ou no horário eleitoral gratuito, está condenada dentro da sigla no Estado. A aliança branca é uma decisão de negócios. Quando se tem compromisso, se adere a um compromisso democrático. Se de um lado manter PSDB e PT juntos é difícil, os obstáculos aumentam quando se convida para sentar, na mesma mesa, os aliados nacionais PT e PTB, ferrenhos inimigos em Alagoas. O PTB de João Lyra é renegado pelos petistas. Os dois não têm afinidade, resumiu Cabral. Nacionalmente, o PTB não irá lançar candidato a presidente, bom para o partido que poderá ficar solto nos estados, ruim para o PT, ao lado de inimigo. Se for mantida a verticalização, não seremos obrigados a ficar no palanque do João Lyra. Não subimos nesse palanque, diz Judson. ### Cláusula de barreira atrapalha pequenos Para as coligações nacionais, o PT discute aliança com o PMDB (de onde poderá ser retirado o vice), o PL, o PSB (outro que pode ceder um vice a Lula) e PC do B, além do PTB. A verticalização limita as candidaturas, as alianças. Os partidos menores têm flexibilidade maior. Os maiores vão enfrentar problemas nos estados. Mas a verticalização deve ser consolidada como princípio, sou a favor, observou o vereador Judson Cabral. Os partidos menores, como PTN, PT do B, PV, PSC, PAN, PHS ou PRP, sem representação na Câmara Federal, enfrentam o bicho papão maior que a verticalização: a cláusula de barreira, também conhecida como cláusula de exclusão ou cláusula de desempenho, que diz: a partir das eleições de 2006, só poderão ter funcionalidade parlamentar eleger líderes, participar da composição das mesas, indicar membros para as comissões etc. os partidos que obtenham o apoio de, no mínimo, cinco por cento dos votos apurados, não computados os brancos e os nulos. O presidente estadual do PTN, Elias Barros, diz que já existe uma estratégia armada para evitar a exclusão Os partidos menores estão unidos para traçar uma meta para as eleições de 2006. É uma decisão das executivas nacionais de que os partidos menores façam coligação entre si por conta da cláusula de barreira, os 5% que se não for atingido, o partido será extirpado do País, diz Barros, falando até em frentão dos partidos menores, um dia chamados de nanicos ou laranjas ou ainda legendas de aluguel. No Palácio Floriano Peixoto, a verticalização promete sacudir a imaginação dos políticos. Isso porque o PDT perderia, caso decida lançar candidato próprio à Presidência da República. O problema da verticalização é um problema sério para todos nós, principalmente porque a política regional e local perde um pouco o controle, fica sempre na dependência de uma solução nacional. Aqui é fácil fazer determinadas coligações compatíveis que poderão se tornar difíceis por uma determinação legal, trazida pela verticalização, acredita o vice-governador Luis Abílio (PDT). O PDT conversa com os partidos de oposição ao governo do presidente Lula: P-Sol, PV e PPS. Sabemos que essa composição nos estados é meio complicada. Por exemplo, há uma dificuldade do PDT local conversar com o PPS. Não existe afinidade política. No P-Sol, a senadora Heloísa Helena já comunicou que vai apresentar candidaturas próprias no P-Sol. Nos resta fazer com o PV ou PDT saindo com chapas próprias nas proporcionais, disse o gestor de Articulação Colegiada, Pedro Alves. O PPS, de acordo com o deputado federal Rogério Teófilo, depende das decisões nacionais e da verticalização. O partido tem candidato próprio, o presidente nacional da legenda, o deputado federal Roberto Freire (PE). Houve a algum tempo atrás um diálogo com o PDT, que vai lançar candidato próprio à Presidência, apontou. No que depender do P-Sol, as coligações possíveis, com ou sem a verticalização, são com o PSTU e o PCB. O Partido Comunista do Brasil possui uma relação com o governo Lessa. Deveremos ter uma reunião para conversar sobre essa situação, afirmou Mário Agra, um dos coordenadores do P-Sol. No Estado, como candidatos ao governo, se a senadora Heloísa Helena for mesmo concorrer à Presidência da República, existem quatro pré-candidatos: os professores universitários Otávio Cabral e Afonso Espíndola; o ex-dirigente do PSTU e agora integrante do partido, Ricardo Barbosa; e o engenheiro civil aposentado Abel Cavalcante. Para Agra, prejudicados com a verticalização o PT, o PSB, o PDT e o PMDB. E explica: Ninguém pode pedir voto para Lessa. O PMDB, se lançar candidato próprio e permanecendo a verticalização, não pode coligar Téo e Renan em Alagoas. PT não pode pedir votos para Lessa porque são rivais no campo nacional, opinou. OR