Eleições municipais mudam rumo do governo Lula
Presidente dá prioridade à disputa em São Paulo, onde polarização com Bolsonaro seria mais exacerbada
Por da redação com agências | Edição do dia 04/10/2024 - Matéria atualizada em 04/10/2024 às 21h22
Lula chega às eleições municipais deste domingo com a aprovação de 51% dos brasileiros, mostra pesquisa Quaest divulgada na quarta-feira. Em fevereiro do ano passado, início do atual governo, seis em dez eleitores consideravam seu governo melhor do que o do antecessor, Jair Bolsonaro. Essa avaliação positiva caiu — está em 38%, segundo o levantamento. E a economia continua sendo o maior problema do país para um quarto da população.
Lula alcança no Nordeste os melhores resultados — 69% de aprovação. Foi na região, a mais carente do país, que o PT concentrou suas apostas para as eleições. Lançou candidatos em cinco das nove capitais. As maiores chances de vitória estão em Teresina e Fortaleza, mas a disputa é muito apertada.
Na capital do Ceará, estado que o PT governa desde 2015, o petista Evandro Leitão está em segundo lugar, com 22,6%, em empate técnico com o candidato do PL, André Fernandes, que lidera com 24%, de acordo com o agregador de pesquisas Globo. Na capital do Piauí, pesquisa Quaest de 16 de setembro indicava que o candidato do União Brasil, Silvio Mendes, estava à frente, com 44%, seguido pelo petista Fabio Novo, com 40%, num empate técnico. O PT comanda o estado há nove anos.
Já em Salvador, o candidato do UB, o prefeito Bruno Reis, está muito à frente do nome oficialmente apoiado por Lula, Geraldo Júnior, do MDB — 74% a 6%, respectivamente, segundo levantamento Quaest de 17 de setembro. O PT ocupa o Palácio de Ondina desde 2007.
O panorama eleitoral do Nordeste mostra não apenas as dificuldades do PT, que hoje está fora do comando das capitais no país, mas também os obstáculos persistentes para Lula construir a “frente ampla” desejada para se manter no poder em 2026.
O presidente deu prioridade à disputa na capital paulista, onde imaginou que a polarização com Jair Bolsonaro seria mais exacerbada. No entanto, o outsider Pablo Marçal tornou o resultado incerto. Rachou a direita bolsonarista e pode levar a esquerda, representada por Guilherme Boulos, a ficar fora do segundo turno pela primeira vez na cidade. Pela dimensão que Lula deu à eleição paulistana, uma eventual derrota de Boulos será também dele. A campanha na maior cidade do país tem mostrado também que, ao contrário das previsões, Lula e Bolsonaro são menos influentes do que há dois anos.
No Rio, reduto bolsonarista, Alexandre Ramagem até cresceu, chegou a 20%, mas não ameaça a liderança do prefeito Eduardo Paes, com 53%, segundo a Quaest. Paes, apesar do apoio de Lula, mantém-se independente na política local e fez campanha descolada da imagem do presidente. A luta de Bolsonaro é levar Ramagem ao segundo turno, mas foram isolados por Paes. O candidato do PSol, Tarcísio Motta, rejeita o voto útil no prefeito, mas corre o risco de falar sozinho. A esquerda deve se dividir por receio de que, na reta final, o bolsonarista consiga avançar para o segundo turno.