Lula e Xi Jinping assinam 37 acordos durante visita de líder chinês
Presidente brasileiro cita guerras e diz que Brasil e China colocam ‘paz e diálogo’ em primeiro lugar
Por Fábio Costa | Edição do dia 20/11/2024 - Matéria atualizada em 20/11/2024 às 21h11
Em meio à visita de Estado do presidente da China, Xi Jinping, ao Brasil, ontem, os governos dos dois países assinaram 37 novos acordos bilaterais. O líder chinês foi recebido com honras militares pelo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a primeira-dama Janja da Silva, no Palácio da Alvorada, residência oficial. Eles se reuniram a portas fechadas com a participação de diversos ministros de cada lado.
Ao final da reunião, ambos deram declaração à imprensa, sem espaço para perguntas, e seguiram para um almoço no local. Segundo a Presidência da República, os atos assinados abrangem as áreas de agricultura, comércio, investimentos, infraestrutura, indústria, energia, mineração, finanças, ciência e tecnologia, comunicações, desenvolvimentos sustentável, turismo, esportes, saúde, educação e cultura.
“Apesar de distantes na geografia, há meio século China e Brasil cultivam uma amizade estratégica, baseada em interesses compartilhados e visões de mundo próximas. A China é o maior parceiro comercial do Brasil desde 2009. Em 2023, o comércio bilateral atingiu recorde histórico de US$ 157 bilhões. O superávit com a China é responsável por mais da metade do saldo comercial global brasileiro”, destacou Lula em seu discurso na cerimônia de assinatura de acordos.
“O país também figura como uma das principais origens de investimentos no Brasil. Empresas chinesas vêm participando de licitações de projetos de infraestrutura e têm sido parceiras em empreendimentos como a construção de usinas hidrelétricas e ferrovias. Isso representa emprego, renda e sustentabilidade para o Brasil. Indústrias brasileiras também estão ampliando sua presença na China, como a WEG, a Suzano e a Randon. Ao mesmo tempo, o agronegócio continua a garantir a segurança alimentar chinesa. O Brasil é, desde 2017, o maior fornecedor de alimentos para a China”, acrescentou o presidente.
A visita, segundo o governo brasileiro, é uma sequência da visita que Lula fez à China em abril de 2023 e também ocorre em celebração aos 50 anos das relações diplomáticas entre os dois países.
DIÁLOGO
Lula citou conflitos, como a guerra na Ucrânia, e afirmou que Brasil e China colocam a “paz e o diálogo” em primeiro lugar nas suas relações internacionais.
“Defendemos a reforma da governança global e um sistema internacional mais democrático, justo, equitativo e ambientalmente sustentável. Em um mundo assolado por conflitos armados e tensões geopolíticas, China e Brasil colocam a paz, a diplomacia e o diálogo em primeiro lugar”, afirmou Lula em declaração à imprensa.
O Brasil e a China fazem parte de um grupo de países que tenta negociar uma saída pela paz no leste europeu. Lula não citou no discurso o presidente russo, Vladimir Putin.
No pronunciamento à imprensa nesta quarta, Lula lembrou o lançamento da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza – iniciativa brasileira na presidência do G20. E acrescentou: “Jamais venceremos o flagelo da fome em meio à insensatez das guerras”.
Lula também citou o filósofo chinês Confúcio e se referiu a Xi Jinping como um “amigo de terras distantes”. E mencionou empresas brasileiras que estão fazendo investimentos na China.