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Megatorres devem agravar congestionamentos na Jatiúca, alerta especialista

Engenheiro estima que trânsito no local receberá pelo menos 300 veículos a mais em circulação diária

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Para especialista, sistema viário no entorno da Lagoa da Anta, em Jatiúca, não suportará demanda
Para especialista, sistema viário no entorno da Lagoa da Anta, em Jatiúca, não suportará demanda | Foto: Divulgação

A repercussão do negócio sigiloso entre o Hotel Jatiúca e a construtora Record para a edificação de megatorres na área da Lagoa da Anta não se limita apenas a impactos ambientais. Caso avance, o aumento no fluxo de veículos pode comprometer ainda mais a mobilidade urbana da região. Se atualmente a área já registra congestionamentos frequentes, a circulação de mais de 700 veículos por hora agravaria significativamente o problema.

Isso porque o projeto prevê a construção de cinco prédios de 15 andares cada um, atraindo naturalmente um grande fluxo de pessoas. A proposta busca compradores de alto padrão, um público que, na maioria das vezes, prioriza o transporte individual, impactando diretamente a fluidez do trânsito.

O alerta é do mestre em engenharia de transportes Gregory Aguiar, que estuda a mobilidade da capital alagoana nos últimos anos. Com base em um levantamento inicial, ele estima que a área receberá, pelo menos, 300 veículos adicionais em circulação diária.

“Como ainda não há detalhes do projeto original, podemos projetar um cenário considerando o padrão da maioria das construções. Se cada torre possuir 15 pavimentos, com dois apartamentos por andar e duas vagas de garagem por imóvel, isso resultaria em 60 veículos por torre. Multiplicando esse número pelas cinco torres, teríamos uma circulação mínima de 300 veículos adicionais em uma região que já enfrenta problemas sérios de tráfego, especialmente nos horários de pico”, explica Aguiar.

Atualmente, a via na região registra uma circulação média de 450 veículos por hora, número que sobe para 550 veículos/hora nos períodos de maior movimento, já provocando congestionamentos frequentes, sem alternativas viárias viáveis.

“A via já tem uma densidade elevada de tráfego, que cresce consideravelmente nos horários de pico. Nossos levantamentos indicam que a velocidade média no trecho é de apenas 13 km/h. Utilizamos um manual norte-americano de engenharia de tráfego que classifica os níveis de impacto no fluxo viário”, acrescenta o especialista.

Com base nesses dados, a área da Lagoa da Anta já opera próxima da capacidade máxima.

“Por conta do seu afunilamento, a área já opera no Nível E, onde o fluxo de veículos é instável e não há condições para ultrapassagens. A adição de mais 300 veículos residentes elevará esse impacto para um nível crítico, praticamente dobrando a média de circulação na via. Com a infraestrutura atual, o sistema não suportará a demanda”, detalha Gregory.

Além do aumento dos veículos dos residentes e visitantes, o fluxo pode ser ainda mais afetado pelo tráfego de prestadores de serviço e clientes de possíveis lojas comerciais dentro dos novos prédios. O impacto não se restringirá à via próxima da Lagoa da Anta, pois as interligadas também sofrerão reflexos da sobrecarga no trânsito, podendo demandar intervenções urbanísticas significativas, como ajustes em calçadões e espaços para pedestres.

Diante desse cenário, especialistas alertam que projetos dessa magnitude precisam vir acompanhados de soluções estruturais para mobilidade, garantindo que o crescimento urbano não prejudique ainda mais a qualidade de vida dos maceioenses.

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