Análise
Atos do 8 de Janeiro não foram tentativa de golpe, avalia ex-ministro Aldo Rebelo
Para ele, caso deve ser tratado como vandalismo

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lagoano, o ex-ministro dos governos do PT Aldo Rebelo, figura histórica da política brasileira e ex-presidente da Câmara dos Deputados, surpreendeu ao afirmar que os eventos de 8 de janeiro de 2023, que resultaram em ataques aos prédios dos Três Poderes, em Brasília, não devem ser classificados como uma tentativa de golpe de Estado.
Em declarações dadas a um podcast, Rebelo criticou a forma como os atos foram tratados pela opinião pública e pelas autoridades, sugerindo que houve um exagero nas punições e uma discrepância no tratamento das manifestações em diferentes contextos.
"Chamar aquilo de tentativa de golpe de Estado? Quem liderava aquela tentativa de golpe? Vândalos têm que ser punidos, têm. Agora, vândalo não pode ter ideologia", afirmou Rebelo, ressaltando que manifestações com motivações ideológicas não deveriam ser tratadas com a mesma severidade que um ato de vandalismo.
A crítica de Rebelo também se estende ao sistema judicial e às punições aplicadas aos envolvidos. "Não foi uma condenação por vandalismo, porque uma condenação por vandalismo não vai a 14, 15, 16 anos. Isso aí tem outros objetivos e outros interesses para se alcançar uma pena tão elevada", declarou.
Ele lembrou que, em sua época como presidente da Câmara, enfrentou outro episódio de invasão em que os manifestantes foram punidos de forma mais rigorosa, mas, de acordo com ele, sem os mesmos altos índices de condenação que os acusados de vandalismo em 2023.
O ex-ministro também fez uma crítica contundente ao tratamento desigual dado às manifestações. "Aqui você tem baderneiros que queimam estátua do Borba Gato, vilipendiam o Monumento às Bandeiras e não acontece nada... Então você tem esse tipo de desajuste, de desequilíbrio", comentou, sugerindo que diferentes manifestações políticas têm sido tratadas de formas desproporcionais, dependendo da ideologia por trás delas.
Sobre os atos de 8 de janeiro, Aldo Rebelo argumentou que a invasão dos prédios dos Três Poderes não tinha o caráter de uma tentativa de golpe, pois, em sua visão, "nenhuma autoridade foi ameaçada, nem fisicamente, nem politicamente, nem juridicamente".
Para ele, "ninguém foi ameaçado de perder poder por causa daquela baderna, daquele vandalismo de desesperados". Rebelo sugere que as ações dos manifestantes foram mais um protesto de desespero do que uma ação coordenada para destituir o governo.