Mobilização
Ato com Bolsonaro na Avenida Paulista atrai 55 mil pessoas, projeta Datafolha
Manifestação em São Paulo defendeu projeto de anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro


EDUARDO KNAPP/FOLHAPRESS
Levantamento do Instituto Datafolha aponta que o público que participou do ato do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no domingo (6) na Avenida Paulista, em São Paulo, para apoiar o projeto da anistia aos envolvidos nos atos 8 de janeiro foi de 55 mil pessoas, segundo levantamento do Datafolha.
O Datafolha usou imagens aéreas obtidas às 15h42, momento considerado de pico, durante a fala do ex-presidente na capital paulista. A manifestação ocupou cerca de três quarteirões da avenida, entre a alameda Ministro Rocha Azevedo e a rua Pamplona
Esse espaço totaliza 30 mil metros quadrados, com três tipos de concentração: densidade alta, densidade média e dispersão, segundo a classificação feita pelo Datafolha de acordo com as imagens aéreas do evento.
O cálculo de densidades varia de uma a quatro pessoas por metro quadrado. Algumas áreas também apresentaram espaços vazios, com concentração menor que uma pessoa por metro quadrado.
A mesma medição realizada pelo Datafolha no ato bolsonarista de 16 de março estimou 30 mil pessoas em Copacabana, no Rio de Janeiro. O público, na ocasião, foi 3% do estimado pelo ex-presidente, que esperava 1 milhão de pessoas.
Os apoiadores se reuniam desde a manhã em um trecho próximo ao Masp. Bolsonaro chegou à avenida por volta das 13h45, e o ato começou às 14h. Estiveram presentes a ex-primeira dama Michelle Bolsonaro e os filhos do ex-presidente Carlos Bolsonaro, Flávio Bolsonaro e Jair Renan.
Eduardo Bolsonaro, que se licenciou do mandato de deputado federal e se mudou para os Estados Unidos, foi lembrado pelo pai em seu discurso. “Hoje faltou um filho meu aqui. O 03. Fala inglês, espanhol e árabe. Tem contato com pessoas importantes lá nos Estados Unidos.”
Em um discurso de cerca de 25 minutos, o ex-presidente afirmou que quem sofreu um golpe foi ele, ao ser derrotado na eleição de 2022, e que a manutenção de sua inelegibilidade em 2026 significaria “escancarar a ditadura no Brasil”.
O ato reuniu ainda outras autoridades e sete governadores: Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo, Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais, Ratinho Jr. (PSD), do Paraná, Ronaldo Caiado (União), de Goiás, Jorginho Mello (PL), de Santa Catarina, Mauro Mendes (União Brasil ), de Mato Grosso, e Wilson Lima (União), do Amazonas.
Os quatro primeiros são cotados como presidenciáveis em 2026 diante do vácuo aberto pela inelegibilidade de Bolsonaro. O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), também subiu no trio elétrico e discursou.
Embora tenham, na época, condenado a destruição na Praça dos Três Poderes, Tarcísio, Caiado, Zema e Ratinho Jr. defenderam ontem uma anistia aos radicais. “Quero prisão para assaltante, para quem rouba celular, para quem invade terra e para corrupto”, disse Tarcísio em discurso. Segundo ele, se ovo, carne e outros alimentos estão caros, é porque Bolsonaro precisa voltar.
Caiado afirmou que o 8 de Janeiro é indefensável, mas que as penas são desproporcionais. “É isso que estamos buscando: justiça, mas sem ser uma ação do Estado que venha punir como se fosse um gesto de vingança”, disse o pré-candidato à Presidência em 2026.