Análise
Renan aponta avanço econômico, mas alerta para cenário inflacionário
Senador defende papel da política monetária para garantir a estabilidade, mas reconhece que País enfrenta desafios


O senador Renan Calheiros (MDB-AL) afirmou ontem que “paira o fantasma inflacionário” sobre o Brasil, apesar dos avanços macroeconômicos recentes, como a alta do Produto Interno Bruto (PIB), o crescimento da renda média das famílias e a redução do desemprego.
A declaração foi feita durante audiência da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) com o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo.
Ao prestar contas pela primeira vez à CAE desde que assumiu a presidência do BC, Galípolo foi questionado sobre o ciclo de alta da taxa Selic — atualmente em 14,25% — e sobre os efeitos da política monetária em meio à alta da dívida pública, inflação persistente e um cenário internacional instável, especialmente após o acirramento da guerra tarifária pelos Estados Unidos.
Renan, que preside a comissão, defendeu o papel da política monetária para garantir a estabilidade, mas reconheceu que o País enfrenta desafios: “A supersafra vai ajudar, mas os preços dos alimentos não devem regredir com velocidade; assim, temos uma situação peculiar. Vamos muito bem segundo diversos indicadores macroeconômicos, mas paira o fantasma inflacionário”, destacou.
CENÁRIO IMPREVISÍVEL
Galípolo afirmou que o Brasil vive um “crescimento excepcional”, mas alertou que o cenário internacional continua imprevisível e pressiona os preços. Ele defendeu que o Banco Central deve agir de forma preventiva, mesmo que impopular:
“Quando a economia está aquecida, gerando pressões inflacionárias, você deve freá-la, como o chato da festa, para preservar a estabilidade”, explicou.
O presidente do BC também disse que a política de juros será mantida de forma responsável, e que a normalização monetária exigirá reformas contínuas.
le ressaltou que o atual ciclo de juros está sendo reavaliado:
“Estamos tateando agora um ajuste, para verificar se o patamar é restritivo o suficiente”, afirmou.
A audiência contou ainda com críticas da senadora Zenaide Maia (PSD-RN), autora de uma proposta que limita os juros do crédito rotativo. Já o senador Rogério Marinho (PL-RN) responsabilizou a condução fiscal do governo pelo aumento da dívida e dos juros.
O senador Cid Gomes (PSB-CE) disse que o atual modelo “tira dos pobres para beneficiar especuladores”.
Ao final, Galípolo reafirmou o compromisso do Banco Central com o combate à inflação, à estabilidade da moeda e à construção de alternativas de crédito com menor custo à população.