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Controvérsia

Pressionado, vereador recua de denúncia sobre tentativa de fraude em concurso

Marcelo Palmeira alegou “calor da emoção” após afirmar que parlamentares pediram vagas e acesso às provas

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Marcelo Palmeira atribuiu declarações ao “calor do momento”
Marcelo Palmeira atribuiu declarações ao “calor do momento” | Foto: Ascom CMM

Em um enredo digno das melhores tramas políticas, a Câmara Municipal de Maceió virou palco de uma controvérsia que levanta sérias dúvidas sobre os bastidores do poder legislativo da capital alagoana. O vereador Marcelo Palmeira (PL), presidente da comissão organizadora do concurso público realizado no ano passado, chocou a plateia durante a solenidade de posse de 17 novos servidores entre os 54 aprovados, ao revelar que foi pressionado a fraudar o processo seletivo. Mas, em menos de 24 horas, o parlamentar recuou, alegando “calor da emoção”.

“Reconheço que minhas palavras foram ditas no calor da emoção. De forma alguma tive a intenção de acusar ou constranger colegas vereadores. O que busquei foi chamar atenção para práticas que, infelizmente, ainda existem em outros contextos e que precisam ser combatidas com firmeza”, afirmou Palmeira em plenário.

Ele reforçou que o concurso foi conduzido com total legalidade e contou com a contratação do Cebraspe – instituição de excelência em concursos públicos. “Tenho muito orgulho do trabalho que realizamos. Os aprovados foram os mais preparados. Isso mostra que conseguimos garantir um processo técnico, ético e isento de interferências.”

Na véspera, porém, suas palavras foram outras. Conforme a Gazeta publicou, Palmeira disse, com todas as letras, que vereadores da legislatura passada teriam exigido uma vaga para cada um dos 25 parlamentares. Mais grave ainda, afirmou ter recebido pedidos de “amigos” para fornecer acesso privilegiado às provas do concurso, prática que insinuou ser comum em outros municípios do Nordeste. A fala, feita diante de aprovados, familiares e até de representantes do Ministério Público, está registrada em vídeo, que pode ser acessado por meio do qr-code anexo.

IMPACTO

A declaração caiu como uma bomba na esfera política local. O impacto imediato foi a ebulição nos bastidores da Câmara. A sessão legislativa de ontem, prevista para começar às 10h, só teve início 38 minutos depois. Nesse intervalo, celulares circulavam de mão em mão, exibindo vídeos e transcrições da fala polêmica.

A pressão sobre Palmeira era grande. Parlamentares, principalmente os novatos, exigiam que os nomes dos autores das supostas tentativas de fraude fossem revelados.

Mas o vereador preferiu recuar. Em vez de ampliar o debate, limitou-se a ler uma nota protocolar. O tom do discurso foi defensivo, mais preocupado em blindar a instituição do que em esclarecer os fatos.

A mudança de postura de Palmeira, nos bastidores, foi atribuída a uma reunião reservada com o presidente da Câmara, Chico Filho (MDB), e vereadores da base governista. O teor da conversa permanece em sigilo.

Para muitos, o episódio é mais um sintoma do desgaste da confiança popular nas instituições. A tentativa de jogar luz sobre práticas clientelistas foi rapidamente abafada em nome da “harmonia” entre os parlamentares. Nenhum vereador se manifestou para pedir explicações adicionais. A nota de retratação foi aceita sem resistência, como se o caso tivesse sido apenas um mal-entendido retórico.

Os novos servidores, agora efetivados, são os que mais merecem explicações. Foram aprovados em um concurso com mais de 7 mil inscritos, todos confiando na seriedade do processo. A fala de Palmeira, ainda que negada, levanta dúvidas legítimas quanto à lisura da seleção.

Durante a sessão, os servidores recém-empossados foram saudados pelo presidente da Casa. Chico Filho limitou-se a dizer que a Câmara vive um momento de seriedade e compromisso.

“Os servidores que aqui chegam, tenham certeza que os 27 vereadores vão estar junto com vocês trabalhando pelo fortalecimento deste Poder e pelo bem-estar de todos. Com a Graça de Deus, declaro encerrada esta sessão”.

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