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Nº 5897
Rural

Falta de recursos ameaça Programa do Leite

Em um ano, Alagoas precisaria de R$ 28 milhões para que programa funcionasse no Estado; Ministério da Cidadania divulgou que teria apenas R$ 30 milhões para ser dividido para todos os Estados da federação

Por Editoria do Gazeta Rural | Edição do dia 14/03/2020 - Matéria atualizada em 14/03/2020 às 04h00

/Falta de recursos ameaça Programa do Leite
/Agricultores familiares estão temerosos com continuidade do programa que deve ser encerrado no fim deste mês
/Aldemar Monteiro aguarda uma posição do governo quanto à liberação de parcelas em atraso desde janeiro
/Secretário João Lessa declarou que governo federal não teria os recursos necessários para atender à demanda do programa pelo período de um ano

Falta de recursos ameaça Programa do Leite
Falta de recursos ameaça Programa do Leite - Foto: Divulgação
 

Apesar de beneficiar quase 35 mil famílias carentes de Alagoas, sendo considerado um das maiores ações sociais executadas no Estado, a continuidade do Programa do Leite no Estado volta a ser ameaçada pela falta de recursos federais. 

Há mais de dois meses nenhuma parcela chegou a ser paga aos agricultores familiares inscritos no programa, que funciona por meio de convênio desde 2013, contando com recursos federais e contrapartida do governo estadual.

Segundo o presidente da Cooperativa de Produção Leiteira de Alagoas (CPLA), Aldemar Monteiro, diante de um cenário de incertezas os agricultores familiares estão temerosos com o futuro do programa. “Estão todos assustados já que o contrato se encerra no dia 31 deste mês de março. Estamos esperando para ter uma nova reunião com o secretário de Agricultura de Alagoas e saber oficialmente o que está acontecendo”, afirmou.

De acordo com Aldemar, já no terceiro mês do ano e o Programa do Leite ainda não teve o aporte de recursos assegurados para a sua continuidade. “Estamos em março e não tem recurso federal. O Programa do Leite está novamente sob ameaça e os agricultores familiares estão sendo sacrificados sem receber e não sabemos como será agora em março. Não sabemos se vai continuar ou não”, alertou.   

O presidente da CPLA afirmou ainda que o preço do leite ao produtor já começou a recuar na região da bacia leiteira de Alagoas. “Fora do programa estavam pagando R$ 1,35. Isso é mais que o Programa do Leite paga ao agricultor que é R$ 1,28, por litro. Agora, já tem produtor recebendo R$ 1,20. A queda do preço ocorre por conta da entrada do produto de outros locais no mercado, além de empresas locais que começaram a fechar. Com isso, a procura diminuiu”, ressaltou. 

Atualmente, o programa conta com uma cota superior a 52 mil litros de leite adquiridos por dia por meio das cooperativas, sendo 30 mil da CPLA, 15 mil da Pindorama e cinco mil da Copaz, além de um mil de leite de cabra da Cafisa e AAGRA.

Além de fomentar a economia e promover a geração de emprego e renda no campo, a ação social, que em Alagoas já chegou a atender mais de 80 mil famílias, também combate a fome e à desnutrição de famílias carentes em situação de vulnerablidade social.


Agricultores familiares estão temerosos com continuidade do programa que deve ser encerrado no fim deste mês
Agricultores familiares estão temerosos com continuidade do programa que deve ser encerrado no fim deste mês - Foto: Divulgação
 

REUNIÃO

Diante do atraso que já ocorria no pagamento das parcelas do programa, em fevereiro passado, a diretoria da CPLA, junto dirigentes de demais entidades que participam do Programa do Leite, realizou um café da manhã, na sede da CPLA, em Maceió, para receber o secretário de Estado da Agricultura, Pecuária, Pesca e Aquicultura de Alagoas, João Lessa.

Na ocasião, foram apresentadas ao secretário as intenções dos produtores, além da importância da manutenção do Programa do Leite e da continuidade do projeto da reabertura da Unidade de Beneficiamento do Leite (UBL) de Batalha, demonstrando a expectativa dos agricultores quanto a garantia no prosseguimento do programa em Alagoas.

Atento em atender a demanda da categoria, João Lessa participou de uma reunião, na quarta-feira passada, 04, em Brasília, no Ministério da Cidadania, junto com demais secretários de Estados com programas sociais também firmados com o governo federal, onde recebeu a informação de que não só haveriam R$ 30 milhões para atender as demandas de todo o Brasil.

De acordo com o chefe da pasta da agricultura em Alagoas, a necessidade do Estado para a continuidade do Programa do Leite pelo período de um ano seria de R$ 28 milhões. Sem este valor, o programa corre o risco de parar por falta de recursos federais.

Diante do impasse criado, Lessa afirmou que uma nova reunião com a equipe ministerial foi agendada para essa semana, também em Brasília. Ele acrescentou ainda que acionou o deputado federal Marx Beltrão sobre o anúncio do governo federal, quanto a falta de recursos para a continuidade do programa, alertando sobre a necessidade da mobilização da bancada na tentativa de resolver o problema. “A preocupação é muito grande, quanto a continuidade do Programa do Leite em Alagoas”, afirmou João Lessa.


Aldemar Monteiro aguarda uma posição do governo quanto à liberação de parcelas em atraso desde janeiro
Aldemar Monteiro aguarda uma posição do governo quanto à liberação de parcelas em atraso desde janeiro - Foto: Divulgação
 

Secretário João Lessa declarou que governo federal não teria os recursos necessários para atender à demanda do programa pelo período de um ano
Secretário João Lessa declarou que governo federal não teria os recursos necessários para atender à demanda do programa pelo período de um ano - Foto: Divulgação
 

ASSEMBLEIA

Na quarta-feira passada, a diretoria da CPLA realizou uma assembleia geral ordinária com os associados, na sede da Unidade de Beneficiamento de Leite (UBL), localizada no município de Batalha. Na oportunidade, junto com os agricultores familiares da região, foi debatidos quetóes referentes a entrada e saída de produtores da DAP Jurídica; assuntos referentes à Conab e eleição e posse do novo diretor Financeiro, entre outras pautas, a exemplo da ameaça da continuidade do Programa de Leite em Alagoas.

“Tivemos um encontro muito bom. Foram temas importantes que foram destacados a exemplo de também da entrada de novos sócios, além de eleito o novo diretor Financeiro que passa a ser Bruno Medeiros, além de ter sido preenchida a vaga existente no Conselho Administrativo”, declarou Monteiro.

De acordo com ele, na oportunidade, também foi feita uma visita as instalações da UBL, mostrando aos agricultores familiares que a obra na fábrica não está parada. “Estamos agora, fazendo toda a coberta da estrutura. Colocamos também a contratação de uma empresa – com recursos dos próprios produtores - que será responsável pelo projeto executivo da UBL. É o projeto que vai nos mostrar que podemos abrir a fábrica com produto e quanto seria necessário ser gasto. Em resumo, tratamos das dificuldades para a abertura da fábrica”, reforçou Aldemar.

Segundo ele, será realizada uma reunião com todos os presidentes das associações para promover um grande encontro político com os parlamentares “para que possamos saber quem poderá realmente e de forma concreta apoiar o projeto da CPLA com recursos com emendas parlamentares para que possamos colocar a fábrica em funcionamento”, salientou.

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