Transações comerciais no agro cresceram 51,6%
Dados, referentes a primeira quinzena de maio, mostram que o segmento de insumos agropecuários se mantém em alta no isolamento social em Alagoas; investimentos no campo fazem da agropecuária o único setor da economia nacional com crescimento na pandemia afirmou o IBGE
Por Editoria do Gazeta Rural | Edição do dia 06/06/2020 - Matéria atualizada em 06/06/2020 às 04h00
Apesar de todos os transtornos causados pela pandemia do novo coronavírus em todo o mundo, em Alagoas o segmento de insumos agropecuários celebrou um crescimento de 51,6% em comparação ao mesmo período do ano passado.
De acordo com a análise das notas fiscais eletrônicas – realizado na primeira quinzena de maio e que foram divulgadas pelo secretário de Estado da Fazenda, George Santoro em sua conta pessoal de uma rede social -, as atividades atacadistas no geral obtiveram uma variação positiva de 16%, sendo a de insumos agropecuários a que teve o segundo melhor desempenho.
“Entre as atividades atacadistas, cujo desempenho foi o melhor dentre os avaliados, são destaques os alimentos com 32%; insumos agropecuários com 51,6% e os produtos de limpeza com 90,3%. Por fim, observando-se os efeitos na indústria mensurou-se expansão geral de 5% com performances positivas em alimentos 3,2%, além de químico e plástico de 20,1%”, declarou Santoro na postagem.
Segundo informou o secretário, do ponto de vista do varejo tivemos uma queda de geral de - 13,2% em valores absolutos nominais puxados por combustível – 20,9%; eletrodomésticos, lojas de departamento e magazines de – 80% e veículos de – 31,1%, além de vestuário que foi de 81,9%. “Em contraste com o desempenho do setor, destaca-se supermercados com 26,2%; material de construção com 8,6% e medicamentos com 19,2%”, afirmou.
“No nosso segmento de concessionárias de máquinas agrícolas tivemos uma redução no item de venda de peças de reposição no balcão já que o isolamento trouxe uma redução do fluxo de loja. No entanto, a venda de máquinas e implementos agrícolas continuou para nós em um ritmo muito semelhante ao que já havia acontecendo”, afirmou o empresário Ricardo Jorge da Tecmaq.
De acordo com ele, Alagoas teve um início de ano positivo com regularidade de chuvas e boas perspectivas. “Isso entusiasmou os produtores rurais e a pandemia não mudou este ânimo. Estamos com a nossa equipe fazendo o trabalho comercial, via contato telefônico, respeitando o isolamento, mas agindo. Os projetos de aquisição de máquinas e os investimentos de equipamentos continuaram. Não houve nada, que estava planejado para ser adquirido pelos nossos clientes que deixou de acontecer. Pelo contrário, situação que não estava sendo esperadas ocorreram. Em relação ao setor agrícola, apesar da covid, estamos vivendo um momento bom”, destacou.
Segundo o empresário José Luiz Salgueiro, diretor da Terra Soluções Agrícolas, meio foi um período de bons resultados, onde o mês foi fechado com um crescimento acima de 50% em relação ao mesmo período do ano passado. “Os segmentos que mais tiveram aumento foram os de pecuária e de grãos. Obtivemos um resultado excelente mesmo diante de todas as dificuldades. Mas, para isso, mudamos a nossa estratégia de entrega e fizemos muitas vendas por redes sociais, alcançado esse crescimento positivo”, destacou.
Para ele, as expectativas para este mês de junho também são positivas também com a espera de que sejam conquistados índices de crescimento acima da média em relação ao mesmo período de 2019.
TRIMESTRE
A agropecuária apresentou crescimento de 0,6% no primeiro trimestre de 2020 em comparação ao quarto trimestre de 2019, conforme dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre o Produto Interno Bruto (PIB) do país. O setor foi o único da atividade econômica nacional a crescer no período analisado.
Em relação a igual período do ano anterior, no caso primeiro trimestre, a agropecuária teve crescimento de 1,9%. “Este resultado pode ser explicado, principalmente, pelo desempenho de alguns produtos da lavoura com safra relevante no primeiro trimestre, como a soja, e pela produtividade, visível na estimativa de variação da quantidade produzida vis-à-vis a área plantada”, diz o IBGE. O PIB do país teve contração de 1,5% nos primeiros três meses do ano no comparativo com o quarto trimestre do ano passado.
A ministra Tereza Cristina (Agricultura, Pecuária e Abastecimento) tem destacado as ações adotadas pelo Mapa e demais órgãos do governo federal para garantir o abastecimento interno de alimentos, as exportações dos produtos agropecuários e o funcionamento sem interrupção da cadeia produtiva do agro durante a pandemia.
“Temos tido sucesso com isso porque, além da grande safra que foi colhida neste verão, temos tido a logística absolutamente normalizada. Portanto, além do abastecimento dos 212 milhões de brasileiros, também temos conseguido cumprir a nossa missão de provedores de alimentos do mundo”, disse a ministra, ao participar de balanço das ações de combate aos impactos do coronavírus no dia 26 deste mês, no Palácio do Planalto.
O crescimento registrado pela agropecuária pode ser atribuído a vários fatores. “O primeiro é o desempenho das lavouras e da pecuária, que têm obtido crescimento excepcional neste ano. O IBGE destaca o desempenho da produção de soja e do arroz, que têm apresentado elevado crescimento da produção. A produtividade foi também um fator relevante nesses resultados. Os resultados da Balança Comercial, publicados pelo Mapa, em maio, mostraram que as vendas externas da agropecuária tiveram um crescimento de 17,5% pela média diária nos quatro primeiros meses do ano, comparando com igual período do ano anterior. Esse foi outro fator que impulsionou o crescimento”, analisa José Garcia Gasques, coordenador geral de Avaliação de Políticas da Informação do Mapa.
De acordo com coordenador, o crescimento do PIB agropecuário refletiu-se também sobre o saldo líquido de empregos formais gerados neste ano. As estatísticas do Caged mostram que houve um saldo (admissões menos desligamentos) de 10.032 contratações.
EMPREGO
De acordo com o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Esalq/USP), segundo publicação do Agrolink, no agronegócio, a população ocupada e a geração de empregos, se manteve estável na comparação dos primeiros trimestres de 2019 e 2020, com 17,97 milhões de pessoas perante 18,06 em 2019. Diante disso, é importante ressaltar que a participação do agronegócio no mercado de trabalho brasileiro continua alta e de extrema relevância para a economia brasileira, passando de 19,67% para 19,48% entre os primeiros trimestres de 2019 e 2020.
Assim como a população ocupada os rendimentos das pessoas também se mantiveram estáveis entre os primeiros trimestres de 2019 e 2020 com aumentos reais de 1,26% para os trabalhadores, em decorrência também do expressivo aumento de 7,9% no rendimento dos empregadores.
Mesmo diante da crise em diversos setores e com o fechamento de diversas vagas, o agronegócio não para e mais uma vez continua segurando o país e a renda de milhões de pessoas envolvidas direta e indiretamente.