Pindorama abre a nova safra da cana em Alagoas
As demais unidades industriais do setor sucroenergético alagoano anunciaram que começarão a safra apenas em setembro, entre os dias 1º a 23. Estimativa é moer mais de 18 milhões de toneladas de cana no ciclo 20/21
Por Dorgival Junior/Especial Gazeta Rural | Edição do dia 22/08/2020 - Matéria atualizada em 22/08/2020 às 04h00
Com a estimativa de moer mais de 18 milhões de toneladas de cana, a usina da Cooperativa Pindorama foi a primeira unidade industrial – entre as 15 do setor sucroenergético alagoano – a entrar em operação na safra 20/21, na quinta-feira passada, dia 20. As demais 14 unidades anunciaram que começarão a safra apenas em setembro, entre os dias 1º a 23.
Diretores, cooperados e colaboradores da empresa, que seguiram todas as normas do protocolo sanitário de prevenção e combate a covid – 19, participaram, na terça-feira, 18 de agosto, da celebração de uma Missa em Ação de Graças que marcou o começo da moagem da unidade industrial, localizada no município de Coruripe e que tem a expectativa de moer um milhão de toneladas de cana.
“Iniciamos a nossa safra com a meta de ultrapassar a marca de um milhão de toneladas de cana beneficiadas. Somos a primeira usina de Alagoas, nesta safra, a moer. Iniciamos com a expectativa de uma safra melhor, tanto na questão da produção, quanto nas perspectivas de preço do açúcar e do etanol. Isso nos anima muito, apontando que teremos resultados finais melhores”, afirmou o presidente da Cooperativa Pindorama, Klécio Santos.
Santos informou ainda que a cooperativa promoveu reparos importantes na usina, investindo em automação e em áreas estratégicas de extração e de vapor. “Com isso, fizemos alterações e modernizações na estrutura e na conservação do nosso parque industrial. Hoje, a usina está toda pavimentada. Na entressafra, foram feitos mais de 17 km de calçamento. Isso oferta uma condição melhor de trabalho e uma segurança sanitária muito maior aos nossos produtos, além de uma maior conservação do nosso parque industrial”, destacou.
História
Entrando em operação na safra 81/82, a unidade industrial de Pindorama, que esmagava apenas 120 toneladas de cana/hora, atualmente, ultrapassa 270 toneladas/hora. “Antes, só produzíamos álcool hidratado e hoje produzimos também o álcool anidro, açúcar cristal, açúcar demerara e agora temos também a secagem de levedura e de mel. Então, são vários negócios dentro dessa cadeia do açúcar que fazem aumentar bastante a nossa agregação de valor, obtendo resultados melhores para a nossa cooperativa. Tudo isso é resultado de um trabalho coletivo e união de todos”, declarou Klécio Santos.
Segundo o presidente da Pindorama, a usina da cooperativa, que no passado já ocupou a penúltima colocação no ranking de produção entre as unidades industriais do setor sucroenergétido do Estado, “hoje ocupa o sexto ou sétimo lugar entre as 15 usinas que conseguiram sobreviver à crise que atingiu o setor. Este trabalho é fruto de muita luta, dedicação e capacidade de superação. Ninguém é forte sozinho”, finalizou.
SAFRA 20/21
Para o novo ciclo, a previsão é que as usinas processem mais de 9,9 milhões de toneladas de cana própria. Enquanto isso, os fornecedores deverão moer pouco mais de 6,4 milhões de toneladas, além de 1,6 milhão de toneladas de cana de outras fontes produtoras.
Com isso, em comparação a safra 19/20, quando foram esmagadas 16,9 milhões de toneladas de cana, é esperado um crescimento de 6,4% nesta nova moagem da cana em Alagoas.
Em relação a produção de açúcar, a expectativa é que sejam produzidos 1,5 milhão de toneladas, sendo pouco mais de um milhão do tipo VHP e mais de 454 mil toneladas do cristal.
Já no item etanol, a produção estimada é de 471 milhões de litros. Deste total, mais de 233 milhões de litros são do tipo anidro e mais de 237 milhões do hidratado.
“Começamos a safra pela usina Pindorama, que será sequenciada pelas usinas Santo Antônio e Camaragibe no dia 1º de setembro. A partir daí, começa a entrada das demais unidades industriais. Até o dia 23 de setembro, temos a expectativa que as 15 unidades estejam em plena moagem”, afirmou o presidente do Sindaçúcar-AL, Pedro Robério Nogueira.
De acordo com o dirigente, que representa as usinas do Estado, o setor sucroenergético alagoano “enfrentou o período da pandemia mantendo a normalidade de todas as atividades, em especial, as agrícolas, que foram realizadas durante a entressafra. Agora, com o início da safra, vamos manter toda atividade industrial funcionando”, destacou.
Nogueira reforçou ainda que, apesar das dificuldades, o setor manteve os postos de trabalho. “Não demitimos em hipótese alguma e vamos fazer o processo de admissão de colaboradores que é regular para este período de safra. Isso representa uma reposta importante de um segmento importante da atividade econômica do Estado onde nós estaremos produzindo e esperando produzir com boas expectativas para essa nova safra”, finalizou.
Fornecedores
Com o início da nova safra da cana em Alagoas, as expectativas por parte dos fornecedores é positiva. Segundo o presidente da Asplana, Edgar Filho, uma previsão de preços melhores em comparação ao ciclo passado, renova as esperanças do setor.
“Esperamos que os preços sejam melhores por conta do dólar que está em alta. O preço do açúcar aliado ao dólar mais alta que está agora dá uma margem de preço maior. Acreditamos que a safra, em termos de volume, seja parecido com a do ciclo passado. No mínimo, a gente repete a moagem de 16 milhões. Afinal, a gente depende também das chuvas de verão”, afirmou o presidente da Asplana.
Segundo ele, havendo chuvas, a expectativa é que a quantidade de cana processada possa ser ampliada neste novo ciclo. “Desta forma, poderemos chegar até 18 milhões de toneladas de cana. Então, a expectativa é boa”, frisou.
De acordo com ele, no começo da pandemia da covid – 19 o setor passou por um período de grandes preocupações por conta da queda do preço do petróleo. “O etanol também estava inviável e o centro/sul fez uma safra ruim em questão de preços. Mas, graças a Deus, o pico da pandemia ocorreu na nossa entressafra. Agora, ela está diminuindo, o preço do petróleo voltou aos preços normais e o açúcar com o dólar em alta nos dá uma esperança de uma safra melhor”, declarou.