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Nº 5868
Rural

Compra Institucional vai mudar realidade dos agricultores familiares de AL

Expectativa é de que novas chamadas públicas sejam realizadas em 2021

Por Tatiane Gomes/ Especial para o Gazeta Rural | Edição do dia 12/12/2020 - Matéria atualizada em 12/12/2020 às 04h00

/Produtos da agricultura familiar irão abastecer unidades de saúde
/Secretário Alexandre Ayres participou do chamamento público
/Pequenos produtores serão grandes beneficiados com a chamada pública

O presente de Natal dos agricultores familiares de alagoanos chegou antes do tempo. É que a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) realizou, na quarta-feira (09), uma chamada pública para o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) Compra Institucional. Na prática, as cooperativas de agricultores familiares poderão comercializar seus produtos para as unidades hospitalares geridas pelo órgão, atendendo a Lei nº 7.950 de 2017.

Ao todo, segundo a Emater - Instituto de Inovação para o Desenvolvimento Rural Sustentável de Alagoas, participaram da chamada as cooperativas: CPLA, Cooperativa Pindorama, Cooperal, Assafi, Coopenorte, Assaf, Coopavam, Facomar, Instituto Objetiva Alagoas, Associação dos Moradores do Povoado João de Deus e Associação dos Agricultores Familiares da Comunidade Amolar. 

A espera pela realização da chamada foi longa. O presidente da Cooperativa de Produção Leiteira de Alagoas (CPLA), Aldemar Monteiro, acredita que essa seja uma oportunidade para abertura de outras chamadas públicas na área de Compras Institucionais, que beneficiem a agricultura familiar. 

“Quando começamos a usar a lei que traz benefícios para as cooperativas de agricultores familiares, isso começa a dar oportunidade para os pequenos produtores. É o estímulo que nossa produção local precisa, nossa economia precisa e, sobretudo, estimula nossos agricultores. Essa é uma vitória para o cooperativismo. Todos nós saímos ganhando”, afirma Monteiro, que acrescenta que a expectativa da CPLA é conseguir escoar cerca de 200 mil litros de leite através da compra institucional. 


Produtos da agricultura familiar irão abastecer unidades de saúde
Produtos da agricultura familiar irão abastecer unidades de saúde - Foto: Carla Cleto
 

A mudança na vida dos pequenos agricultores é real. Muitos vão deixar de fornecer os produtos direto aos atravessadores. Klécio Santos, presidente da Cooperativa Pindorama, declara que essa oportunidade é extremamente importante. “A agricultura familiar vai conseguir entrar com mais força no mercado de compras governamentais. O governo do estado está dando uma sinalização positiva para os agricultores familiares. 

A Cooperativa Pindorama tem um histórico de já participar, Brasil à fora, de chamadas públicas de compras governamentais, mas o presidente explica que nos últimos anos o segmento ficou estagnado. “Nos últimos dois anos não tivemos a demanda da compra governamental. Agora esperamos que isso seja retomado com a oportunidade que o governo do estado está dando. O que seria o ideal é que as compras institucionais com o Programa de Aquisição de Alimentos fossem permanentes e que pudessem impulsionar mais a agricultura familiar”. 

O pedido das cooperativas pode ser realizado. De acordo com o presidente da Emater, Adalberon Sá, a chamada pública da Sesau será um ponto de partida para realização de outras chamadas: “esse processo não para por aí. Já temos diálogo em construção para realizar uma chamada pública na Educação e também para as unidades prisionais de Alagoas. Além de já iniciar uma conversa com a AMA (Associação dos Municípios Alagoanos) para que os novos prefeitos realizem o PAA Compra Institucional. Nosso recado é que os agricultores familiares possam se organizar e se preparar para que em 2021 todos participem do programa”, destaca Adalberon. 


Secretário Alexandre Ayres participou do chamamento público
Secretário Alexandre Ayres participou do chamamento público - Foto: Carla Cleto
 

Pequenos produtores serão grandes beneficiados com a chamada pública
Pequenos produtores serão grandes beneficiados com a chamada pública - Foto: Divulgação
 

Preço

Apesar de ser um presente e uma mudança na vida dos agricultores familiares, alguns cooperativos não conseguiram participar da chamada pública alegando falta de publicidade bem como preço abaixo das expectativas. 

“O preço de referência para o arroz é muito barato (R$ 3,00). O produto chega ao valor de R$ 3,50 e depois ainda preciso empacotar. Acabaram usando a Conab como referência, mas a Companhia faz os preços com pregão. Seria muito difícil participar, mesmo com o volume pedido. Para participar, preciso vender no mínimo o valor de R$ 4,50. A chamada foi feita ‘à queima-roupa’, foi muito em cima”, explica o presidente da Cooperativa de Agricultores e Beneficiadores do Povoado de Piranhas (COOBAP), Roberto Moura, o Betinho.

O edital trouxe valores de referência pré-determinados entre R$ 1,40 até R$ 12,00, a depender do lote e produto a ser fornecido. “A Comissão vem trabalhando há dois anos para a realização deste chamamento. Esperamos que os agricultores vejam que esse é o primeiro passo. Estamos aprendendo com o processo e queremos realizar outras chamadas públicas para que todos possam ser contemplados”, antecipa Marília Carnaúba, representante da Emater na Comissão Especial de Compras Institucionais para Agricultura Familiar e Economia Solidária de Alagoas.

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