ENTREVISTA: João Lessa
No ano da pandemia, o setor agropecuário precisou se readaptar para continuar produzindo. Neste cenário, a Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária, Pesca e Aquicultura de Alagoas, também teve que se reinventar para se adequar ao ‘novo normal’. Neste novo cenário, o secretário da pasta, João Lessa, que fez um balanço de 2020 e falou sobre as ações para 2021.
Por Editoria do Gazeta Rural | Edição do dia 02/01/2021 - Matéria atualizada em 02/01/2021 às 04h00
Gazeta Rural. O ano de 2021 chegou. A Secretaria de Agricultura está preparada para os novos desafios?
João Lessa. Chegamos na secretaria em abril, começando um planejamento para 2021 e 2022. A partir daí, veio a pandemia e tivemos que fazer nossas ações por teletrabalho. Neste cenário, trabalhamos também 2020 e fizemos a reformulação do Programa do Leite e também criamos o aplicativo Agro + Perto, onde pudemos fazer um diagnóstico do nosso Estado. Em 2020, o agro não parou e teve a maior produção de grãos do Estado. Tivemos um ano de muita chuva, levando ao aumento da produção.
Diante desta conquista, Alagoas tem um futuro promissor na produção de grãos?
A gente pôde identificar sim que Alagoas pode ser um grande produtor de grãos e de sementes que poderá ser produzida aqui e depois seguir para outros Estados como Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Afinal, nós produzimos na entressafra deles. Se a gente for para o segmento da pecuária, tivemos o maior aumento da arroba de boi, atingindo R$ 300. No leite, tivemos super preços que fortaleceram principalmente o pequeno. Estamos na realidade que o agricultor precisa com preços justos. Pretendemos fortalecer ainda mais tudo isso em 2021.
No ano da pandemia, o produtor rural se reinventou e se aproximou das novas tecnologias. A Seagri criou ferramentas importantes, os resultados já foram observados pela secretaria?
Sem dúvida. A minha formação de gestão é voltada para a inovação e a gente tinha que trazer para o agro. E aqui em Alagoas o setor tinha que usar ferramentas novas, modernizando a gestão. No Programa do Leite temos hoje as cooperativas nos passando, diariamente, as suas entregas, reduzindo custos de funcionamento e gerando uma maior agilidade em todo o processo. Se a gente consegue prestar conta mais rápido, a gente consegue pagar mais rápido. A gente observa o produtor querendo usar essas ferramentas. Cabe ao estado treinar e incentivar o produtor rural a usar ferramentas como essas. Com isso, a gente também consegue identificar onde estão os problemas, levando melhorias para o campo.
Em 2020, o Programa do Leite teve uma parada para ser repaginado e não voltou tão rápido quanto o esperado, correto?
A gente sabia que corria esse risco. Quando se teve uma interrupção no programa, consequentemente, os produtores tiveram que de alguma forma escoar a produção aí sofremos outro embate que foi a alta do preço do leite. Tínhamos um programa pagando o litro a R$ 1,20 e o mercado privado a R$ 2,00. Com isso, conseguimos no Ministério da Cidadania pagar o leite a R$ 1,76. Aos poucos o produtor foi voltando ao programa por se tratar de ação perene, tendo a segurança de receber em dia.
Existe a possibilidade da retomada do Programa de Sementes em 2021?
O governador determinou que fizéssemos o Programa de Sementes com uma nova cara. Apresentamos, um programa de forma regionalizada explorando o potencial de cada, localidade. Em 2021, se tudo correr bem, teremos um programa mais fortalecido.
A assistência técnica é um dos grandes desafios para o Estado, o que estar por vir em 2021?
É a Emater que está no campo direto com o produtor e muitos deles só têm aquela assistência técnica. Nossos técnicos irão trabalhar com metas de alcance, fazendo uso também de tecnologias, promovendo um maior dinamismo. Já temos mais de 112 mil produtores cadastrados no Agro + Perto. O mercado está mais exigente e precisamos que o produtor entregue um produto mais qualificado.
Em 2021, a Segri pretende retomar as ações presenciais?
A gente está fazendo as ações de forma virtual. Mas o campo precisa do apoio técnico. A gente tinha desenvolvido a Caravana da Seagri Mais Perto de Você. Tivemos que interromper por conta da pandemia. Mas estamos com o programa pronto com todas as vinculadas também participando dessa caravana. Passando a pandemia, vamos fazer esse projeto acontecer. Afinal, o agro não para.