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Nº 5897
Rural

Sustentabilidade na pecuária reduz custos

Sistema de manejo, que trabalha com a interação entre solo, planta e animal, deixa de lado a utilização de produtos químicos e desenvolve um processo agroecológico

Por Editoria do Gazeta Rural | Edição do dia 19/06/2021 - Matéria atualizada em 19/06/2021 às 04h00

/Sistema de manejo natural não agride meio ambiente
/Flávio Amaral (Favorito) destaca que técnica reduz custos e aumenta o lucro

Localizada no município de Major Isidoro, na região da bacia leiteira do Estado, a Fazenda Mandacaru se tornou um exemplo de manejo sustentável na pecuária alagoana com o uso do modelo agroecológico, levando a propriedade a ser reconhecida pela excelência na produção de leite. 

Com baixo custo e muito planejamento, o modelo agroecológico vem dando bons resultados, fornecendo alimentação para o gado durante todo o ano com a silagem de capim, que é plantado sem a interferência do homem, durante o verão, além do cultivo da palma forrageira.  

“Trabalhar com agroecologia é um somatório de processos. Colocamos os animais em 21 piquetes. Quando eles chegarem no último, o capim do primeiro já estará no tamanho ideal. Além disso, nos piquetes, a vaca fica longe do curral, onde tem lama, pedras e um espaço reduzido. Com o solo raro que nós temos no sertão o ciclo é muito rápido. A média é de 15 dias. A gente coloca o gado no pasto e quando tira - com cerca de 15 dias - ele já está bom novamente”, destacou o criador Flávio Amaral, mais conhecido no meio da pecuária alagoana como Favorito. 


Sistema de manejo natural não agride meio ambiente
Sistema de manejo natural não agride meio ambiente - Foto: Divulgação
 

De acordo com Flávio, quanto mais animais em um piquete, maior a interação entre o animal, que produz material orgânico, o solo e a planta. É uma interação que dá lucro. “Ninguém precisa plantar capim no sertão. Ele nasce naturalmente. A vaca come e ao defecar, pouco tempo depois, a planta nasce. Eu não planto nada. Tudo é o gado que colocou no solo”, reforçou. 

Segundo ele, este tipo de manejo natural leva a uma sobra de capim em todas as áreas, tanto nas áreas de palma quanto de pastagem. “Com isso, esse capim eu faço a silagem. Quando o pasto está alto, a gente entra com a máquina renovado a área. Com isso, meu pasto nunca amadurece. Tudo aqui é natural e não existe tecnologia para acabar com vida. Com isso, a natureza se recupera. Temos pássaros em todo lugar”, destacou Favorito.  

O produtor afirmou que nos oito meses de verão, o próprio gado, ao comer a silagem do capim fornecida junto com palma, aduba a áreas, reduzindo custos. “Não existe nada de produtos químicos neste processo. Só há manejo agroecológico. O ciclo segue do inverno ao verão reciclando os ingredientes. Com isso, temos comida para fazer, no mínimo, seis toneladas por tarefa de silo, sem precisar arar a terra e nem sem necessário comprar sementes e maquinas”, salientou. 


Flávio Amaral (Favorito) destaca que técnica reduz custos e aumenta o lucro
Flávio Amaral (Favorito) destaca que técnica reduz custos e aumenta o lucro - Foto: Divulgação
 

A técnica agroecológica começa a ganhar força na região. “Eu não uso a silagem com capim. Utilizo a pastagem nativo mesmo que tem em abundância no inverno. Com isso, no verão não preciso fazer pastagem de milho e ou de bagaço de cana no verão, tendo mais nutrientes. O custo que tenho é apenas de mecanização. Com isso, não preciso fazer plantio de milho, baixando o custo, além de melhorar a qualidade do solo” declarou o criador Paulo Amaral, que há 58 anos produz leite. 

Na propriedade, Favorito ainda faz uso do plantio de árvores que fornecem a sombra necessária aos animais. São plantadas, por ano, duas a três mil arvores, fora as que nascem de forma natural. “Usamos a agricultura permanente. Aqui no sertão usamos o designer da savana africana com árvores a cada 12 metros. As que nascem fora desse espaçamento, são retiradas. São usadas as catingueiras e juazeiros que são comestíveis que se for necessária podem ser dadas aos animais, além de besourinho, algaroba entre outras. Queremos chegar a 17 mil unidades”, salientou Favorito. 

Em busca de novas tecnologias capazes de promover o desenvolvimento da agricultura familiar em Alagoas, em especial dos criadores que trabalham com o segmento do leite, o presidente da Cooperativa de Produção Leiteira de Alagoas (CPLA), Aldemar Monteiro, conheceu de perto um novo sistema de produção para alimentação animal. 

“O Favorito tem feito um trabalho muito importe já que mexe com agroecologia, promovendo um equilíbrio na propriedade rural. Viemos conhecer de perto como toda essa tecnologia funciona para que possamos replicar junto aos nossos agricultores”, declarou Monteiro.

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